O festival de teatro universitário mais antigo do país teve início no passado dia 4 de novembro, com a apresentação da peça “Cântico Negro” pelo TeatrUBI (Grupo de Teatro da Universidade da Beira Interior) e a ASTA (Associação de Teatro e Outras Artes), no palco do Anfiteatro das Sessões Solenes (Polo I).

Maria do Carmo Teixeira, produtora cultural na Companhia de Teatro ASTA, considera que ainda há espaço para o teatro, numa altura em que o conteúdo é cada vez mais diversificado. “Continuo a acreditar no valor das artes, principalmente no teatro, uma vez que as artes trazem às pessoas uma mais-valia que a internet e as plataformas de streaming não trazem”. De acordo com esta responsável o teatro privilegia uma relação de maior proximidade com o público, que os media digitais não oferecem, “a meu ver, uma coisa não invalida a outra, mas o teatro é um espaço onde a arte é viva, é feita e sentida no local, portanto sem dúvida que o teatro é para continuar”, explica.

A produtora cultural na Companhia de Teatro ASTA é franca no que diz respeito aos apoios por parte do Estado à Cultura: “Penso que as políticas culturais deveriam ser repensadas para se investir mais na cultura. Em vez de reverterem 0,35% do Orçamento de Estado para a Cultura porque não 1%? Não seria muito, mas representaria um salto quantitativo e qualitativo no cuidado que o Estado deveria ter em relação aos seus agentes culturais”.

Maria do Carmo Teixeira explica que com o aparecimento da Covid-19 as maiores dificuldades sentidas pela companhia foram sobretudo na produção e realização de espetáculos. “Em termos gerais, a pandemia só veio mostrar a todo o Portugal as dificuldades que já existiam na cultura. No caso da ASTA, além das apresentações e produções de espetáculos, temos uma componente de projetos de investigação a que conseguimos dar continuidade durante a pandemia. O que já não aconteceu com os espetáculos, onde verificámos uma grande quebra e, em virtude disso tivemos muitos cancelados”.

A produtora cultural da companhia de teatro ASTA deixa o convite a quem quiser assistir ao Festival de Teatro Universitário da Beira Interior, em exibição até ao próximo dia 13 de novembro. “Os espetáculos são todos diferentes e de vários géneros, desde performance, teatro e teatro musical. A entrada é livre e há uma contribuição voluntária para quem quiser. Nesse aspeto, o espaço está aberto para receber toda a gente”.

O cartaz conta com 10 espetáculos que cruzam diferentes linguagens artísticas e que serão apresentados por duas companhias profissionais e sete grupos de teatro universitário.

O festival Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior é promovido pelo TeatrUBI (Grupo de Teatro da Universidade da Beira Interior) e pela ASTA (Associação de Teatro e Outras Artes) e, destaca-se por ser o mais antigo festival de teatro universitário do país, realizando-se interruptamente desde 1996.