Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Covilhã, uma cidade sem limites
Vera Alves · quarta, 20 de outubro de 2021 · Transient Boundaries (Limites Transitórios) é o nome da peça que esteve em cena a 16 de outubro no Teatro das Beiras. O performer é Frederico Dinis, nascido em Coimbra, mas com uma ligação emocional e familiar a uma geografia que bem conhece: a da cidade da Covilhã. O espetáculo é produzido pela associação Quarta Parede, no âmbito do festival anual de artes performativas “Festival Y”. |
Maquinaria fabril |
21994 visitas São cinco as partes que constituem esta performance, todas elas na labuta de transportar o público através de som e imagem, ao universo dos lanifícios de um território ainda conhecido como a “Manchester Portuguesa”. Cerca de 40 minutos compõem uma primeira parte que contrasta a clareza dos cumes das montanhas serranas com o escuro denso vindo das fábricas, num registo de som calmo. A segunda parte tem como protagonista a lã que desfila carrilada e que se acumula parecendo névoa, percebendo-se a presença de maquinaria através de efeitos sonoros. Uma terceira e quarte partes marcadas pela imagética da artilharia fabril acompanhada do som rotativo, cilíndrico e sucessivo das máquinas, que “encarceravam” os operários dia e noite, só saindo aos domingos. Termina com a imagem das casas de bairros tipicamente fabris. O objetivo é, segundo Frederico Dinis, o de “contar a história a partir de dois pontos de vista, o da imagem e o do som, que dará uma outra leitura”. “Não é cinema, o que se tenta é que se descubra alguma coisa na sua cabeça através da memória, é uma visão da história segundo o que o individuo conhece”. A serra, a lã, a fábrica, a maquinaria e a comunidade são os cinco elementos do artista neste trabalho, que se interessa mais por aspetos como a luz, as sombras, formas, texturas e padrões em detrimento por exemplo da cor, aspecto que considera mais simplista e menos expressivo. A parte visual é montada com gravações nas instalações do “New Hand Lab”, a parte sonora, captada em tempo real, que se mistura a texturas sonoras de software. A “Super Slow Motion” é uma das técnicas utilizadas em vídeo. “Há um passado que é preciso respeitar, porque se não olharmos para o nosso passado, nunca teremos futuro”, é do lado de Francisco Dinis, a história daquilo que sentiu.
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