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“Máquina de Encarnar” no New Hand Lab
Jéssica Filipe · quarta, 20 de outubro de 2021 · Cultura A Covilhã foi palco do “Máquina de Encarnar”, um espetáculo teatral que decorreu no passado dia 12 de outubro pelas 21h30, no New Hand Lab. |
Com encenação de Marco Ferreira, o espetáculo teve a duração de 60 minutos e contou com a participação de quatro intérpretes e dois músicos |
21983 visitas A peça integrou o Festival ContraDança que chega este ano à 12ª edição, onde a dança, a performance e o teatro se conjugam e cuja a palavra-chave é o movimento contemporâneo. Covilhã, Gouveia, Fornos de Algodres e Seia foram as localidades que acolheram esta edição do evento, que levou à cena espetáculos de música, dança, teatro, novo circo e performances, bem como uma exposição de artes plásticas. “Máquina de Encarnar” é um espetáculo performativo de ato único que retratou o paradoxo e a violência das relações entre os seres humanos. De acordo com a sinopse da peça, é “uma máquina que quer transformar um ato teatral passivo numa manifestação artística de alerta! Uma luta num espaço fechado, desonesta, onde a vítima já está escolhida”. Com encenação de Marco Ferreira, o espetáculo teve a duração de 60 minutos, ao longo dos quais quatro intérpretes e dois músicos proporcionaram aos espectadores um ato teatral que os fez vibrar. Sérgio Novo, diretor da ASTA e também um dos atores do espetáculo refletiu acerca das dificuldades encontradas na preparação da personagem: “A parte mais difícil é que a linguagem que nós usamos carece de muita investigação, de nos embrenharmos muito a fundo no tema. É necessário mostrar aquilo que há e se este trabalho não deixa de ser forte, tendo em conta o tema e a forma como o apresentamos, a realidade é muito pior. A dificuldade passa sobretudo por dirigir um caminho, ou seja, a construção do próprio esqueleto do espetáculo.” Apesar de ser um ato teatral de entretenimento, a peça tinha um objetivo muito nobre: “O ‘Máquina de Encarnar’, acima de tudo, pretende ser um alerta, um consciencializar, fazer as pessoas perceberem através de toda a componente visual, musical e todas as metáforas que são usadas, tanto a nível de texto como visualmente, de que a violência, neste caso em concreto a violência de género, está latente em todo o lado e muitas vezes nós coabitamos com ela e nem nos damos conta”, explica Sérgio Novo. A peça insere-se também no projeto DEEP ACTS (Developing Emotional Education Pathways and Art Centered Therapy Services against gender violence), gerido por uma parceria de associações transnacional onde a ASTA está inserida. O principal objetivo do projeto é oferecer métodos inovadores e ferramentas de trabalho específicas, que envolvem a utilização da arte como terapia e educação emocional, para profissionais e organizações que trabalhem na prevenção da violência de género. Segundo conta o Diretor Artístico da Companhia, o “’Máquina de Encarnar’ é um modo de divulgarmos todo este trabalho, mas de uma forma mais visual e interventiva para com o público em geral”. Tendo estreado a 02 de junho de 2021 em Montemor-o-Novo, a peça “Máquina de Encarnar” contará com uma tournée internacional e será encenada em Espanha, em março de 2022, e em Itália, em abril do mesmo ano. O ContraDança - Festival de Dança e Movimento, teve a sua primeira edição em 2006, e continua a ser ainda “um espaço em que novos artistas e projetos encontram visibilidade e oportunidade de divulgação, juntando criadores consagrados e emergentes”. Organizado pela ASTA – Associação Teatral e Outras Artes, com sede na Covilhã, o ContraDança contou com o apoio dos municípios envolvidos e decorreu entre os dias 01 e 16 de outubro. Orçamentado em 80 mil euros é um “espetáculo que une diversas linguagens artísticas - como a dança e o teatro - em que o espectador é convidado a refletir, a sentir, a imaginar e a problematizar aquilo que vê”, segundo explica o Diretor do Festival. Rui Pires acrescenta que o evento procura “levar a outras regiões do interior estes espetáculos ditos mais contemporâneos e proporcionar às suas populações uma oferta de espetáculos diversificada, diferente do teatro mais convencional”. O responsável pelo Festival reforçou, ainda que não se tratam espetáculos de puro entretenimento: “São eventos que nos desafiam enquanto espectadores a questionar o que nos rodeia e cujo público-alvo são espectadores ativos”.
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