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Noites de Caxias no Teatro das Beiras
Sofia Caramelo · quarta, 6 de outubro de 2021 · Peça de teatro apresenta duas mulheres que viveram intensamente o período da ditadura. |
Ana Perfeito como Laura, uma das vítimas |
22011 visitas Foi no Auditório do Teatro das Beiras que o Teatro do Noroeste-CDV, companhia profissional de Viana do Castelo, apresentou a sua peça “Noites de Caxias”, fazendo com que por umas horas os espectadores pudessem sentir à distância, como seria uma noite na prisão de Caxias. Com texto e encenação de Ricardo Simões e interpretação de Ana Perfeito, a peça que encheu o teatro quase todo, conta a história de duas mulheres, Madalena Oliveira, uma agente da PIDE que foi outrora muito temida e poderosa dentro daquela organização policial, e Laura, uma das suas vítimas durante o tempo de torturadora da agente. Tratada também por Leninha, Madalena Oliveira foi a mulher que chegou mais alto na hierarquia da PIDE, a polícia política do Estado Novo, chegando a atingir o posto de chefe de brigada devido aos seus resultados e métodos eficientes durante os interrogatórios. Com cerca de 75 minutos, o espetáculo foi um monólogo representado singularmente por Ana Perfeito, que admitiu que “é um desafio gigante e uma responsabilidade enorme cada vez que piso este palco para fazer este espetáculo, pois já sou atriz há quase 20 anos mas este foi o meu primeiro monólogo”. Com um cenário modesto e apenas os objetos em palco para balançar as suas falas, Ana Perfeito deu vida a um lado diferente da história da PIDE e da ditadura, visto que “normalmente é mostrado o lado das vítimas e este mostra o lado dos carrascos, de quem torturava e por outro lado, o lado feminino, algo que normalmente não se associa a este tipo de situações de violência”, disse a atriz. A peça que esteve aberta a todas idades a partir dos catorze anos, foi inspirada no romance “As Longas Noites de Caxias”, de Ana Cristina Silva, que se baseou nos escritos de Irene Flunser Pimentel, em relatos de testemunhas logo a seguir ao 25 de Abril e noutros relatos mais recentes da época. Durante a pandemia, Ricardo Simões descobriu a obra inédita e com muito entusiasmo adaptou o seu texto a um monólogo para o teatro de Viana do Castelo, contando desde o início com a “anuência e entusiasmo” da autora. Criada como parte da programação do 30° aniversário do Teatro da Noroeste, a obra esteve também em exibição na Sala Experimental do Teatro Municipal Sá de Miranda antes de chegar a 30 de setembro ao teatro covilhanense, do qual já é parceiro há alguns anos. |
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