Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
"O preconceito continua a existir"
Sara Monteiro · quarta, 19 de maio de 2021 · O núcleo de estudantes de Medicina da Universidade da Beira Interior promoveu a sessão “Conversas fora do armário”, de modo a informar os futuros médicos, em especial, sobre o tratamento da comunidade LGBT nas suas consultas. Esta iniciativa foi criada em 2018 e terá a próxima marcação em outubro, com o tema “Intersexo”. |
A sessão das 18H foi apresentada por Gustavo Mariano e Carolina Moutela, da rede ex aequo. |
21995 visitas A sessão "Orientação sexual, identidade e expressão de género" foi discutida nesta segunda-feira, 17 de maio, no âmbito da celebração do Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia, Bifobia e Interfobia. Gustavo Mariano e Carolina Moutela, da rede ex aequo, uma "associação de jovens LGBTI e apoiantes", foram os convidados desta conversa informal. O ponto de partida ocorreu pela explicação da "pessoa génerogibre", constituída pela identidade de género ("aquilo que eu perceciono sobre o meu género, ou seja, é uma relação de mim para mim", segundo a explicação de Carolina Moutela), atração (orientação sexual: homossexual ou heterossexual), sexo ("caraterísticas sexuais", referente aos órgãos genitais) e expressão de género ("o que mostramos ao mundo, como se fosse a nossa capa de entrada"). Carolina refere que a expressão de género nada a ver tem com identidade de género, ambas podem ser correspondentes, mas são distintas: "Eu identifico-me como uma mulher, utilizo pronomes femininos, no entanto, a minha expressão de género é um pouco mais masculina". Relativamente à autodeterminação de género, foi decretado que os maiores de 18 anos têm acesso à autodeterminação legal plena e, entre os 16 e os 18 anos, necessitam de um atestado de consciência e de autorização dos pais, segundo a Lei 38/2018. No ramo cirúrgico, são necessários dois relatórios médicos – escrito por um médico e um psicólogo – bem como o aval da Ordem dos Médicos, para quem ambiciona proceder à retribuição genital. Carolina Moutela fala sobre a importância de informar sobre o tema LGBTI: "A partir do momento em que há um caso, vai ser sempre importante falar sobre estas questões", sendo esta data, o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, um momento privilegiado para abordar o tema, "nem que seja para obter mais visibilidade". Gustavo Mariano refere que o importante a ressaltar é que "pensamos muito em racismo, LGBT, fobia e sexismo sempre como casos individuais e não pensamos que na verdade são os sistemas sociais que são problemáticos, subjugando todos os corpos". Sara Cruz, do Núcleo de Estudantes de Medicina da UBI e também voluntária da Rede Ex Aequo, afirma que "Conversas fora do armário" existe desde 2018: "A necessidade identificada nessa altura relacionava-se com a abordagem dos temas de LGBT nas nossas formações, enquanto estudantes de Medicina". "São pessoas constantemente discriminadas e parte dessa discriminação acontece ao nível dos cuidados de saúde e, enquanto médicos no futuro, quisemos investir na educação dos nossos colegas nestes assuntos, fazendo todo o sentido organizar esta sessão anualmente". O preconceito continua a existir, "daí ser importante que estes tipos de iniciativas aconteçam", refere Sara. "Pode haver falta de cuidado na consulta ou objetivação da pessoa e muitas vezes acabamos por não ter a postura certa e isso também é discriminação" no que respeita ao papel do médico para com um doente LGBT. Carolina Moutela acrescenta: "Eu acho importante que estas iniciativas sejam levadas para a frente", não deixando de lado a ideia de que "somos todos humanos". O próximo evento presencial no calendário do MedUBI será hoje, quarta-feira, 19 de maio, com o tema "Saúde Pública: O nosso super poder", no Laboratório de Competências (LaC) da Faculdade de Ciências da Saúde. |
Palavras-chave/Tags:
Artigos relacionados:
GeoURBI:
|