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Covilhanense é destaque na plataforma Twitch
Rui Miguel Costa · quarta, 12 de maio de 2021 · As lives que começaram como uma brincadeira unem entretenimento, videojogos, bate-papo e interpretação de personagens dos jogos. O seu trabalho tem conquistado centenas de visualizadores, que fizeram de JayOak um dos fenómenos da Twitch aos 32 anos. |
“Feedback por parte dos covilhanenses têm acontecido cada vez mais” |
22055 visitas João Carvalho para amigos e família, JayOak para os seus espetadores. É este o nome pelo qual os seus viewers na plataforma Twitch o conhecem. Natural da Covilhã, com 32 anos, o streamer começou a fazer lives por brincadeira, numa consola porque não tinha computador. Com o passar do tempo, e à medida que os seguidores aumentavam, foi tornando este trabalho cada vez mais sério e profissional. Nos últimos meses, o canal de JayOak atingiu médias de 250 a 300 visualizações. No pico de uma das suas lives, já teve 2000 pessoas a assistir ao seu conteúdo. Nas suas transmissões, para além do entretenimento, são jogados vários jogos, com maior destaque para Roleplay do jogo “Grand Theft Auto“ (GTA). JayOak joga num servidor privado de Roleplay, onde interpreta personagens, como se estivesse numa novela. O URBI entrevistou esse fenómeno covilhanense da Twitch para perceber um pouco mais da sua história.
Como foi a sua jornada até começar a ser streamer? Eu sempre gostei de fazer as pessoas rir e também sempre me disseram que tinha jeito para entreter as pessoas. Por exemplo, eu às vezes fazia uma piada e sentia a necessidade de a partilhar para fazer com que as outras pessoas se divertissem comigo. Sempre gostei do mundo dos videojogos e também já assistia a algumas streams e dizia para mim próprio que também era capaz de fazer isto.
Como é que surgiu a sua paixão por videojogos? Isso foi desde garoto. Tive a minha primeira consola oferecida pelo meu pai aos 5 anos e comecei a gostar de jogos desde aí. Sempre fui muito ligado às consolas e aos computadores.
Como é que descreverias o teu canal para alguém que não te conhece de todo? O meu canal não é para pessoas que querem aprender a jogar algum jogo ou para me ver a competir. É mais um canal para as pessoas irem lá e passarem um bom bocado, para se entreterem e por vezes falar de coisas sérias também. Tenho pessoas que me agradecem porque às vezes têm um dia complicado e veem a minha live para descontrair e divertir-se.
Esperavas ter esta média de views tão elevada quando começaste a fazer lives? Quando comecei a fazer lives, foi mais por brincadeira do que algo sério, para partilhar o meu gameplay com as pessoas e para estar com a malta. Quando começaram a aparecer mais pessoas que diziam que eu tinha jeito para isto acabei por começar a olhar para isto como algo mais sério. Os espetadores ao longo do tempo foram subindo e o conteúdo que eu produzia começou a render em termos monetários. Ninguém é obrigado a pagar nada para me assistir e para estar nesta plataforma. Só quem quiser é que pode contribuir para me ajudar. Mas não, quando comecei a fazer lives com uma consola, não esperava atingir estes números.
Quem são os streamers que mais gostas e vês como um exemplo de bom trabalho e superação para ti? Tenho vários exemplos de pessoas que me inspiram e que me mostram ideias novas. Eventualmente, eu também criei a minha própria imagem no canal porque não sou uma cópia de ninguém, as pessoas veem-me por aquilo que eu sou e por aquilo que eu produzo e, como tal, tenho de ser fiel aos meus espetadores. Os streamers que mais gosto de ver são o Movemind, o BuoMorallez e o BeFranklin. São três pessoas que conheci, criei grandes amizades com eles e, acima de tudo, são três grandes produtores de conteúdo.
Existe o estereótipo de que ser produtor de conteúdo é um trabalho fácil. O que tens a dizer sobre isso? Não dou valor a essas opiniões porque as pessoas que me veem, sabem o que estou a fazer e o trabalho que está por trás. As pessoas depositam confiança em mim ao estarem a ver as minhas lives e a minha preocupação é devolver-lhes a confiança que tiveram ao dar-lhes um bom conteúdo. Em todos os trabalhos, sejam eles quais forem, vão existir sempre este tipo de opiniões. Eu desvalorizo porque prefiro dar mais foco aqueles que me veem. Quem tem este trabalho sabe o quão difícil é ser bem sucedido. Manter um público e uma comunidade numa plataforma em que tem cada vez mais pessoas a fazer isto não é nada fácil. Mas de realçar que isto também não é uma competição, há conteúdo para toda a gente e espaço para todos, e por haver muita oferta, tu tens de te destacar de alguma forma para as pessoas te queiram ver a ti e não ver outro conteúdo.
Consideras a profissão de streamer rentável e sustentável? Ou seja, acha que ser um streamer profissional oferece rendimentos suficientes para que não seja preciso outra profissão? Aqui em Portugal, muita pouca gente vive apenas da Twitch. Ser sustentável a ponto de somente se viver disto é possível, mas tens de ser muito bom, criativo e inovador e aqui em Portugal não é fácil. As pessoas dão apoio como podem, seja monetário ou não. Como já disse, ninguém é obrigado a dar o que quer que seja, mas se fores bom, vais ter sempre algum rendimento a nível financeiro com este trabalho. Viver somente disto, na minha realidade, não é possível, mas já há quem o faça. Da minha parte é continuar a trabalhar e no futuro, quem sabe, poderá ser possível.
Que mudanças acha que são necessárias para que existam cada vez mais produtores de conteúdo online a viverem exclusivamente do seu trabalho nestas plataformas? Estas plataformas abrem sempre portas para outras coisas e outros trabalhos. Recentemente, já tive propostas para outros trabalhos relacionados com esta área. O mais importante é não estagnar e continuar a produzir e a inovar. As minhas capacidades são demonstradas no que as pessoas vêm na Twitch e isto funciona como os olheiros no futebol. Há sempre alguém a ver e a acompanhar o teu trabalho que, no futuro, quando precisar de algo relacionado com esta área, essa pessoa vai-se lembrar de ti pela memória que tem do bom conteúdo que foi visto nas minhas streams. Vivemos em tempos pandémicos, em que é necessário passar mais tempo em casa. É verídico que plataformas como a Twicth cresceram muito desde o inicio da pandemia.
O que é que tem a dizer sobre o verdadeiro impacto desta e de outras plataformas hoje em dia? As plataformas cresceram, 2020 foi um ano muito bom, tanto para mim como para outros produtores de conteúdo. As pessoas passaram mais tempo em casa e a malta mais jovem hoje em dia não vê muita televisão. Podem ver uma série, mas, às vezes, querem ver conteúdo em direto e interagir com a pessoa. O crescimento dos espetadores, a nível geral, aumentou porque vivemos em tempos em que as pessoas passam mais tempo em casa do que o “normal”. A maior diferença desta plataforma em relação à televisão é que na Twitch, em direto, as pessoas podem se expressar no chat, ao contrário do que se passa nas televisões, e creio que este feedback dado em direto é algo que as pessoas gostam e que não podem fazer isso quando estão a ver televisão ou uma série.
Concorda com o facto de a comunidade portuguesa neste tipo de plataformas ser considerada tóxica? No meu conteúdo, as pessoas ficam tão emergidas na história e vivem aquilo como se fossem eles próprios na situação, e por vezes esquecem-se que a outra pessoa também está a interpretar uma personagem, e acabam por insultar ou chamar nomes. Tento sempre instruir nos meus viewers uma linha de respeito para que não exista esse tipo de toxicidade.
Tem muito feedback por parte da sua comunidade e em especial da comunidade da Covilhã? No início, esse feedback não existia muito porque não tinha muitos espectadores e as pessoas não tinham a noção que eu era daqui. O importante é nunca desistir e continuar a trabalhar, pois o feedback das pessoas acontece pelo teu trabalho realizado. Com o passar do tempo e conforme o aumento do número de espectadores, as pessoas ficaram a saber que eu era daqui e esse feedback por parte dos covilhanenses têm acontecido cada vez mais.
Objetivos para o futuro no teu canal? Espero que o canal continue a crescer e que acima de tudo continue a conseguir conciliar o meu trabalho, família e a Twitch. Espero continuar a trazer bom conteúdo e, quem sabe, seja possível que se abram outras portas para mim nesta área. Com base no meu trabalho nesta plataforma, já tive a oportunidade de fazer um spot comercial para a rádio, e desejo que no futuro, outras oportunidades como esta apareçam. Todos os dias, exceptuando domingos e quartas, com começo por volta das 22h30, é possível acompanhar as lives, no canal de JayOak na Twitch.
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