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Internet: nunca gostámos tanto de ver a nossa privacidade invadida
Beatriz Correia · quarta, 31 de mar?o de 2021 · Na passada sexta feira, dia 26 de março, realizou-se uma palestra online na plataforma Zoom, organizada pela Academia Júnior de Ciências, com a participação do Professor José Legatheaux Martins, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. |
Logotipo da Academia Júnior de Ciências. fonte: UBI.pt |
21966 visitas A palestra, intitulada “Será que a Internet significa o fim da privacidade tal como a conhecíamos?” teve como objetivo alertar para os perigos a que toda a gente está sujeita com a partilha de dados online. O Professor referiu que este tema tem ganho cada vez mais importância atualmente: “Há sinais de que as pessoas começam a estar um pouco mais atentas e conforme nos forem aparecendo manifestações mais concretas desta violação, que agora ainda parece ser muito abstrata, vão prestando mais atenção e vai haver mais motivos para começarem a reagir, visto que já existem pessoas que acham que esta situação está a ir longe demais.” Legatheaux Martins tem esperança de que as pessoas prestem cada vez mais atenção, mas usa o exemplo da história, que não evolui de forma linear, adicionando ao seu argumento a situação pandémica que se vive atualmente. Prestando atenção a estes dados, o Professor acredita que, na próxima década, haverão algumas mudanças quase obrigatórias, de acordo com os problemas sociais que se esperam para o futuro, nomeadamente o aumento acentuado da desigualdade, a precarização de várias profissões e a subida da produtividade, que fará com que não haja empregos para todos, pois presume-se que irá existir uma maior aposta na digitalização e na inteligência artificial. O conferencista tem esperança de que este cenário “não aconteça”, torcendo para que “os jovens consigam agir e travar essa probabilidade”. Quando questionado sobre quais as consequências mais perigosas da “privacidade invadida”, o Professor menciona a desproporção de poder como consequência principal. “A privacidade invadida tem essa característica. O poder daquele que sabe mais sobre mim do que eu e do que os meus mais próximos, e sobretudo o facto de que ele pode relacionar o que sabe sobre mim com todos os outros, adquirindo o poder de condicionar muita coisa. Esse poder é desmensurado. Já não é só o poder económico, é também o poder da informação toda que têm sobre todos os cidadãos. E é isso que, no mundo ocidental, faz as pessoas perguntarem-se a si próprias: ‘O que é que eles vão fazer com esse poder?’, e esse poder não está devidamente regulado.” Ao mesmo tempo, considera que as plataformas estão a criar “maus órgãos de comunicação social não regulados, que fazem anúncios medrosos, não seguindo o código deontológico do jornalista, que levam as pessoas a achar que não vale a pena perder tempo a ler jornais ou a ler informação organizada”, o que considera terrível para a Democracia. Acima de tudo, o orador não prevê o fim da Internet. Considerando que a Internet tem demasiadas coisas boas para acabar, como a partilha de informação e a possibilidade de as pessoas poderem estar juntas através de uma videochamada, por exemplo. Mas defende que devemos aproveitar a parte boa e melhorar a parte má, que passa pela desproporção de poder e pela desigualdade. A Academia Júnior de Ciências já conta com a sua 7ª Edição e foi uma ideia do atual reitor da UBI, António Fidalgo. Tem como objetivo ser um espaço de trabalho e de discussão das ciências, ao mesmo tempo que possibilita aos jovens da região da Covilhã que estão a terminar o ensino secundário terem uma experiência sobre a vida universitária, enquanto os ajudam na escolha do seu futuro, tendo em conta as áreas de estudo e os cursos que querem seguir. |
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