A iniciativa corresponde a “um conjunto de manifestações de religiosidade popular que acontecem todos os anos em diversas aldeias e cidades da Beira Interior durante o período da Quaresma. É um fenómeno de identidade cultural e religiosa que tem forte enraizamento nas comunidades”, refere Filipa Gambino, membro da organização.

A “Quadragésima” surgiu em 2003 no Fundão, tendo-se alargado aos concelhos de Belmonte, Covilhã, Guarda e Sabugal, que se uniram para “preservar e promover estas tradições, através de criações artísticas com as comunidades locais, potenciando desta forma um novo destino para o turismo religioso na região”, explica a organização.

O conjunto de eventos, que vão desde manifestações de cariz popular e religioso nas aldeias – como Via Sacra, Procissão dos Passos, Encomendação das Almas, Canto dos Martírios, Alvíssaras, Procissão dos Penitentes - ocorre anualmente nos 40 dias anteriores à Páscoa, daí a origem do nome “Quadragésima”.

Este ano, devido à situação pandémica atual, a “Quadragésima” criou uma programação de arquivo que tem por base o material recolhido nos últimos anos – concertos, procissões e documentários. Filipa Gambino explica que a edição de 2021 procura “criar uma experiência digital multiplataforma de divulgação e enquadramento desta original expressão de devoção popular e de criação artística”, não havendo nenhuma programação ou espetáculos, apenas a sua retransmissão digital.

De acordo com a organização, as pessoas têm aderido aos conteúdos disseminados através das redes sociais, uma vez que se tratam de “manifestações intemporais que se repetem todos os anos e pela primeira vez estão a ser documentadas e transmitidas digitalmente”.  Filipa Gambino acrescenta ainda que os objetivos da iniciativa, que passam por divulgar as tradições do sagrado nas Beiras, de forma a “atrair pessoas a visitar o território e a conhecer de perto esta cultura imaterial portuguesa e beirã”, estão a ser cumpridos.

 A “Quadragésima” representa um dos mais diversificados e valiosos conjuntos de manifestações tradicionais da região Beirã, que poderão ser vistas ao longo de seis semanas, através da página de Facebook e do canal de Youtube da iniciativa.