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"Não importa tanto a motivação, mas sim o resultado"
Sara Monteiro · quarta, 10 de mar?o de 2021 · @@y8Xxv O Núcleo de Estudantes de Psicologia (PsicUBI) realizou, nos dias 2, 3 e 4 de março a décima edição do Fórum de Psicologia e celebrou, também, o 20º aniversário do curso na UBI. A manhã do último dia contou com a presença do psicólogo Raul Manarte, a empresa “ForYourMind”, a campanha “Mind the Mind” e a psicóloga Catarina Lucas. A transmissão, online, ocorreu através do canal de YouTube “UBI Psicologia”. |
O psicólogo Raul Manarte, numa missão humanitária. |
22097 visitas No último dia, o X Fórum de Psicologia arrancou, no período da manhã, com a participação do psicólogo Raul Manarte, com o tema "Psicologia Humanitária". O trabalho deste profissional vai além da psicologia da saúde no SNS, participando também em missões humanitárias, tópico de destaque na palestra. Pela primeira vez em dez anos o evento foi transmitido online, possibilitando o estabelecimento da ligação entre os participantes, em Portugal, com o orador que se encontra atualmente na Bolívia, a auxiliar médicos e enfermeiros que estão na linha da frente na luta contra o vírus Covid-19. Com foco em crise e catástrofe, as suas missões tiveram, quase sempre, a duração de um mês, tendo trabalhado como psicólogo na Guiné-Bissau, Moçambique e Idai, ao lado da organização humanitária "Médicos Sem Fronteiras", bem como no campo de refugiados de Moria, onde foi voluntário através do "Boat Refugee Foundation". "Uma missão de emergência é diferente de uma missão de desenvolvimento", explica Raul Manarte. "Por exemplo, a Guiné-Bissau tem uma mortalidade neo-infantil muito alta e uma missão de desenvolvimento quer baixar essa estatística, que tem como principal causa os partos mal feitos". A missão do psicólogo neste cenário é "capacitar os médicos e enfermeiros a darem más notícias". O tema envolve questões culturais: "Com mais de 20 etnias, este país enfrenta mais de três mortes infantis por dia e cada etnia lida com o óbito de forma diferente, sendo importante possuir 'sensibilidade étnica'". Raul relata que é essencial para os psicólogos em missões humanitárias, "ter auto cuidado e saber fazer a gestão do stress" a nível profissional. Em sua opinião, "a solução para os problemas encontrados nos campos de refugiados é acabar eles" e, para isso, "temos de fazer ativismo, ação organizada com o sentido para pressionar quem tem poder para, realmente, mudar as coisas. Neste caso é a Comissão Europeia". Margarida Ferraz, doutoranda em psicologia forense, representou a empresa de formação, psicologia e consultoria "ForYourMind", que tem por finalidade "dar respostas aos desafios atuais de um mercado de trabalho competitivo, através da avaliação psicológica dos clientes". Deste modo, é possível "valorizar o desenvolvimento pessoal e profissional de cada indivíduo". Os estudantes são um dos públicos alvo da empresa, que oferece formações low cost e acessíveis, tendo em consideração as dificuldades que muito os estudantes passam: "Somos muito sensíveis a essas necessidades". Parceira da PsicUBI há cerca de um ano, esta empresa oferece 58 áreas de formação e workshops, com temas que vão desde as "Perturbações alimentares" e sua respetiva avaliação e intervenção, à "Intervenção com vítimas de tráfico de seres humanos". Estas formações são ministradas preferencialmente através de live streaming. A campanha "Mind the Mind", fundada em 2014, é uma iniciativa da European Federation of Psychology Students' Associations (EFPSA), que tem como finalidade a promoção da educação para a saúde mental, através de workshops e, por conseguinte, o combate a esse estigma recorrendo ao conhecimento científico na área da Psicologia para "produzir um impacto positivo e significativo na sociedade". Durante o direto, Joana Lopes, coordenadora geral da campanha revelou a criação de um novo projeto: sessões informativas, baseadas nos workshops, com destaque para temas como a depressão e a ansiedade, adaptadas ao contexto online. "Mind the Mind" celebra, este ano, a sua sétima edição e conta com a participação de equipas de voluntários em 12 cidades portuguesas e 19 países europeus. A psicóloga clínica e antiga aluna da UBI, Catarina Lucas, especialista em Terapia de Casal e Sexologia, encerrou a sessão da manhã, com o tema "Perturbação Obsessivo Compulsiva", que atinge 2,5 por cento da população. Constatando um aumento recente dos quadros de ansiedade, bem como de POC, desenvolveu sessões específicas para trabalhar nessa vertente: "núcleo da consulta de ansiedade, direcionada para estas patologias, como a perturbação do pânico ou fobias", referindo existir grande procura destes serviços. "Os tempos em que vivemos e o nível de exigência que a sociedade nos impõe e, por consequência, nos auto impomos, é brutal" levando ao sentimento de incapacidade, sofrimento e disfunção, criando um "estado de alerta permanente". Catarina Lucas lançou em 2011, em parceria com Maria Monteiro, o livro "Perturbação Obsessivo Compulsiva – Manual de Intervenção", e mais recentemente a obra, "Vida a dois - um olhar sobre o casal, as relações e a sexualidade". A legalização da eutanásia foi o tema de debate na sessão “Fora d’Horas”, que decorreu no dia 3 março, pelas 21h00. A última palestra do evento teve como convidada Joana Amaral Dias, deputada à Assembleia da República, e por tema “Psicopatologia: dentro da mente de Renato Seabra”. Relativamente a esta X edição do Fórum, que pela primeira vez se realizou online, Camila Dias, presidente do Núcleo de Estudantes de Psicologia (PsicUBI), confessa que "o principal desafio que encontrámos (…) foi a procura de uma plataforma que atendesse a todas as necessidades deste evento, entre as quais tempo de reunião ilimitado, estabilidade por parte do público e aprender a funcionar com essas ferramentas, neste caso o Zoom e o YouTube. Foi também especialmente difícil adaptar as celebrações que tínhamos planeadas para comemorar as 10 edições do Fórum e os 20 anos do curso de Psicologia a um formato online." O PsicUBI recebeu "cerca de 259 inscrições" e adianta que este ano admitiram uma maior variedade de estudantes: "recebemos inscrições de universidades de norte a sul do país e ainda do Brasil, de diversos cursos e até de profissionais da área que exercem". Para a próxima edição, Camila Dias remata que poderão analisar o sucesso que cada tema teve junto do público "para compreender o que agrada mais aos estudantes e trazer, para o ano seguinte, outros ramos dessas mesmas áreas". |
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