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Integração em tempos de isolamento
Ângelo Fonseca e Rui Costa e João Pedro Antunes e Tomás Caldeira · quarta, 20 de janeiro de 2021 · @@y8Xxv A pandemia da Covid-19 tem privado os estudantes da UBI de participarem nas habituais atividades de integração. Inseridos numa comunidade académica tradicionalmente ligada às praxes, alguns alunos apresentam a sua perspetiva sobre este invulgar ano letivo 2020/2021. |
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21999 visitas A entrada na universidade é um marco significativo na vida de todos os estudantes. Afinal, trata-se de uma nova etapa, na qual os recém-chegados se deparam com um novo ambiente e pessoas. Todavia, no corrente clima pandémico que enfrentamos, a reunião de requisitos para uma integração favorável acaba por ser dificultada. Para tentar perceber de que forma esta situação atípica afetou a integração de novos alunos da Universidade da Beira Interior, procurámos recolher o testemunho de estudantes de vários cursos. Para Érica Pereira, 19 anos, estudante de Ciências Farmacêuticas, a integração tem ficado aquém das suas expetativas. A aluna admite que esperava uma “receção mais amiga e empática” e confidencia que já conseguiu criar um grupo de amigos dentro do seu ano, o que a ajuda “quando tem dificuldades nos estudos”. Apesar disso, admite que enfrenta dificuldades em conhecer todos os colegas do curso, não fazendo “a mínima ideia” de quem é da sua turma. Érica lamenta também a inatividade e indisponibilidade por parte dos alunos de outros anos em interagir com os recém-chegados, admitindo que têm de ser os de primeiro ano a procurar os estudantes mais velhos. A lacuna deixada pela falta de integração académica em tempos pandémicos mencionada por Érica é partilhada por Gabriel Ferreira, estudante de 21 anos, que cumpre a sua terceira matrícula, após ter trocado o curso de Design Industrial pelo de Cinema no início deste ano letivo. O estudante acredita que “a universidade podia ter feito uma integração mais desenvolvida e complexa” e que “as pessoas [estudantes de Cinema] de terceiro ano podiam ter feito muito mais para integrar [os novos alunos], mesmo não havendo praxe. Podiam ter falado mais com os caloiros, apresentar-lhes a cidade e tudo mais”. O aluno refere que o curso que integra é “uma equipa”, sendo fundamental que todos se conheçam. Contudo, Gabriel afirma que a falta de integração ocorre “quase 100 por cento por causa da ausência de praxe” e considera-a uma base para a integração. Apesar de não ter participado nas praxes na sua primeira matrícula, admite que se arrependeu ao se aperceber que os praxados tiveram uma adaptação mais bem-sucedida do que os que dispensaram a praxe. A praxe é algo que Sofia Gonçalves, 17 anos, estudante de Ciências da Comunicação, gostaria de experimentar, pois entende que é um movimento que “as pessoas julgam sem conhecer”. Contudo, acha que “se não fizesse, conseguiria adaptar [à universidade] na mesma”. Além disso, Sofia tem uma posição contrária às de Érica e Gabriel, afirmando que tendo em conta “as circunstâncias em que nos encontramos, a integração está a ser boa”, pois “os superiores estão a fazer um esforço” para contribuir para a inclusão, apesar de admitir que a situação seria muito diferente e favorável caso não existissem as restrições sanitárias às quais todos estão submetidos. Tânia Abreu, estudante viseense de 18 anos, concorda com a colega de curso Sofia. Apesar das limitações impostas pela pandemia da Covid-19, aparenta estar contente com a receção que teve no curso. A aluna lamenta não poder ter experienciado a sua integração num contexto normal, mas crê que os alunos mais velhos do curso estão a fazer um "ótimo trabalho" para integrar os estudantes mais novos. Na opinião do presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), “é algo importante no percurso académico dos nossos estudantes, nós na academia UBIana temos esta questão da proximidade, numa vivência diferente e inseridos numa cidade que, muitas vezes, a caracterizamos como sendo uma cidade universitária e esta situação preocupa-me”, refere o líder estudantil. “Preocupa-me porque a pandemia já dura há quase um ano, foram dois anos letivos que foram postos um bocadinho em causa e são vivências e atividades que ficam por viver”, considera Ricardo Nora. Quanto ao futuro, “o nosso foco passa por apoiar os nossos estudantes para que não abandonem o Ensino Superior e estamos a criar vários apoios nesse sentido”, assegura. “Desde o dia 16 de março de 2020 que não parámos, apresentámos alternativas online e o que estamos a fazer neste momento é preparar alguns eventos, com todos os cuidados possíveis, para que possam acontecer nos próximos meses já de forma online ou mista, tendo sempre em consideração o estado da pandemia no país”, alerta. Segundo os alunos, a pandemia tem dificultado a integração na comunidade académica. Resta agora saber o impacto a médio prazo desta perda de contacto, daquilo que é um ano de convívio e integração, em tempos de isolamento e distância. |
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