O objetivo desta conferência foi reflectir sobre como será o futuro das universidades portuguesas, percebendo o que se deve manter e o que tem de ser alterado. A aposta na colaboração entre instituições, a inovação pedagógica, a qualidade do ensino, a valorização do conhecimento e a responsabilidade social foram alguns dos fatores apontados como prioridade das universidades do futuro.

Na sessão online estiveram presentes Pedro Teixeira, professor de Economia na Universidade do Porto e Diretor do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior, e João Queiroz, Diretor Geral do Ensino Superior entre 2014 e 2020 e antigo reitor da UBI.

Na perspetiva de João Queiroz é necessário que as universidades do futuro recuperem e reafirmem valores patentes no projeto das Universidades Europeias, tais como: a responsabilidade social, a cooperação, a tolerância, e a interação com as regiões e com o meio envolvente. O docente acredita que, embora a principal missão do Ensino Superior seja promover a formação e a produção de conhecimento, essa não deve ser a sua única missão. João Queiroz partilha a ideia de que no futuro “mediante as circunstâncias de cada Instituição do Ensino Superior, cada uma deve ter uma missão específica, e mais concreta”, acrescentando que “não têm de ser todas iguais, é necessário que haja algo de diferente porque os objetivos de cada instituição são distintos, variando com a formação e as áreas científicas, estruturais e territoriais que têm”.

Pedro Teixeira considera que o futuro das universidades passa pela diversidade e pelo equilíbrio entre a capacidade de adaptação das instituições de Ensino Superior e a necessidade de resistir a certas mudanças. O economista diz metaforicamente que é preciso “ter um pé no mundo e outro fora do mundo” reiterando que é necessário “acompanhar os desafios, as preocupações do mundo e a relação com a comunidade”, mas sempre com “distanciamento para que se possa pensar e refletir criticamente”.

Os oradores frisaram o “grande salto” que foi dado na investigação científica em Portugal, mas ambos concordam que as Universidades do Futuro exigem a reformulação, restruturação e descoberta de novas respostas no setor do “Ensino-Aprendizagem”. Tais necessidades devem-se ao facto de as turmas serem cada vez mais heterogéneas e os objetivos de aprendizagem serem tendencialmente mais específicos.

Questões como a reforma dos edifícios e estruturas do Ensino Superior, o seu subfinanciamento crónico, as creditações dos cursos, a internacionalização e as bolsas de estudo foram também temas abordados na conferência promovida pelo “U-Value”.

O projeto “U- Value” tem como objetivo fazer uma abordagem inovadora no Estudo de Impacto que as Instituições de Ensino Superior têm na qualidade de vida das regiões onde se inserem.

“Universidades do Futuro” foi o segundo de vários webinars promovidos pelo “U-Value” que vão ocorrer quinzenalmente. Entre os temas que serão debatidos nas próximas sessões destacam-se a “Relação entre universidades e indústria” e “As instituições de Ensino Superior e a COVID-19”.