A performance, que contou com cerca de 30 espectadores, dá origem a uma instalação cénica composta por vários materiais recolhidos pelo artista em caminhadas. "A maior parte dos materiais que utilizo para a construção vêm deste processo de caminhada e de ir ao arquivo, o meu e dos meus pais". Flávio Rodrigues explica que leva materiais que encontra para o atelier, onde, com recurso à imaginação, vai compondo e associando a símbolos e rituais. A construção com a madeira como matéria elementar, e com pedra usada como base deve-se muito ao facto de o pai do artista ser marceneiro. "Cresci muito em ambiente de oficina, e rodeado desta matéria, de onde surgiu o interesse em explorá-la".

Flávio Rodrigues reconhece-se como um privilegiado pois para si o isolamento foi "um momento rico artisticamente", "meses que utilizei para desenhar e criar muito". Na performance, o artista remete para alguns simbolismos como acontece a meio da construção, "o queimar o rei de paus, que é o praticado, o chefe. A ideia de que o patrão é normalmente um homem". Apresenta também momentos com som com "um simbolismo de abrir o espaço para a ação, a ideia de ritual de chegada ou de partida". "Vou-me despedir, mas a intenção do som é que as pessoas possam estar mais próximas da ação", já que visa permitir ao público escolher a perspetiva, a distância e a possibilidade de se movimentar, neste sentido, o projeto é concebido a 360º.

Sérgio Novo, diretor artístico da ASTA, sustenta que o New Hand Lab é um espaço seguro e polivalente e que atendendo ao contexto de pandemia foram feitas as devidas adaptações, "com todo um conjunto de medidas que todos nós temos de respeitar. Desde a desinfeção do espaço, uso de máscaras e mesmo ao nível das montagens, respeitando todas as normas".

O ContraDANÇA é organizado pela ASTA – Associação Teatral e Outras Artes, com sede na Covilhã, e é um festival pluridisciplinar, sendo que, "a palavra chave a nível da programação e dos espetáculos é movimento" destaca Sérgio Novo. Acrescentou que o festival está a decorrer desde setembro e passou pelo Teixoso, Fornos de Algodres, e Covilhã, conta também com espetáculos agendados em Gouveia.