No passado dia 20 de outubro, via Zoom, teve lugar uma ação sensibilizadora sobre a violência no namoro, dinamizada pela Associação Plano i, que atua desde 2015, e o Projeto Uni+, que atua como programa de prevenção e combate à violência no namoro desde 2017, estando atualmente na sua terceira edição.

O encontro serviu para debater ideias e para “esclarecimento de factos, mitos e informações”, sendo que a violência no namoro continua a ser, de acordo com a investigação do projeto em causa, um problema de grande dimensão em Portugal, país onde se estima que “53.9% dos/as participantes das acções do Uni+ já foram sujeitos/as a pelo menos um ato de violência no namoro” e ”35% dos/as participantes já praticaram pelo menos um ato de violência no namoro”, refere Sofia Peixoto, psicóloga do projeto.

A ação teve a duração de uma hora e meia, e os participantes puderam intervir, tomar conhecimento sobre factos reais e pormenores aparentemente “simples” mas que podem vir a ter consequências drásticas na vida alguém. Foi realçada também a violência doméstica como uma brutalidade inadmissível. “ A violência física e sexual devem-se a uma multiplicidade de fatores que, não sendo causados por descargas emocionais, ou de stress, poderão ser agravadas por estes, bem como ser agravadas por circunstâncias do confinamento: seja a maior convivência, ou o maior isolamento e acesso às vítimas (…) Atualmente, ainda não há dados deste crime relativos ao período de isolamento. Contudo, há dados sobre atendimentos e acolhimentos de emergência neste período, pelas estruturas da Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica, e estes mostram que a situação tem piorado”.

Sempre dispostos a “ajudar as vítimas para conseguirem vingar na vida”, Sofia refere que “o nosso espaço tem e terá sempre uma vertente de intervenção à distância, uma vez que o projeto pretende ter alcance nacional e é a única estrutura de apoio a vítimas especificamente dirigida a vítimas de violência no namoro no ensino superior”, proporcionando atendimento sempre de forma gratuita.

A ação foi gratuita e realmente sensibilizadora, contanto não só com estudantes da Universidade da Beira Interior, mas também, por ser online, com estudantes de outras universidades. “Acreditamos que temos vindo a fazer uma adaptação positiva do nosso contacto com os público-alvo, de modo a que consigamos de forma positiva levar a cabo o trabalho de prevenção e combate à Violência no Namoro, numa lógica mais virtual”, explica Sofia Peixoto.

Este apoio é dado em prol de todos e para que todos possam realmente sentir que não estão sozinhos. “Este é um crime onde as cifras negras representam uma grande fatia das estatísticas e por isso, divulgamos o Observatório de Violência no Namoro“, refere Sofia, onde a denúncia pode ser feita a nível informal, independentemente de ser reportada às autoridades ou não.