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“Somos a última geração que pode fazer alguma coisa”
Fabiana Martino · quarta, 21 de outubro de 2020 · @@y8Xxv O desafio dos novos caminhos para o desenvolvimento social foi o tema do webinário que reuniu membros de iniciativas nacionais num debate virtual promovido pelo Umundu Lx, festival coletivo para a transformação sustentável. |
Ativistas discutem novas saídas para o desenvolvimento sustentável |
22006 visitas O evento, transmitido pelas plataformas Zoom e Facebook, contou com a organização de Álvaro Fonseca, da Rede para o Decrescimento, e Graça Rojão, da Coolabora, cooperativa esta que tem atuação voltada para a região da Cova da Beira, que abrange a cidade da Covilhã. Participaram da conversa os ativistas André Carapinha, da Cooperativa Mula, Eliana Madeira, do Banco do Tempo, Duarte Marques, da Extinction Rebellion, e Luis Chambel, da organização Musas da Fontinha. O objetivo do encontro foi “reunir organizações de diferentes identidades para apresentar visões e práticas e também analisar as possíveis convergências e alianças na busca por uma transformação social mobilizadora, efetiva e duradoura que possa conduzir a sociedades justas, sustentáveis, prósperas, conviviais e democráticas”. “Um primeiro patamar da mudança será olharmos mesmo uns para os outros enquanto organizações, enquanto coletivos, movimentos, haver uma maior união e tentar contrariar essa fragmentação, que nos torna vulneráveis e sozinhos no mundo”, salientou Eliana Madeira, do Banco do Tempo. Entre os assuntos abordados, o destaque ficou para o futuro da humanidade, dada a grave situação de degradação ecológica em que se encontra o planeta. “É uma questão incontornável. Um problema muito grave que poderá levar a muito sofrimento humano”, alertou André Carapinha, da Mula, ressaltando que a solução não está apenas na mudança de comportamentos individuais, mas sim em reestruturações no sistema como um todo. André citou a crise da água como exemplo: “O consumo de água que as pessoas têm representa cerca de 5% do consumo total da água do mundo. Portanto, se nós consumíssemos metade da água que consumimos, só estaríamos a reduzir 2.5%. Não estávamos a reduzir onde ela realmente é ultra consumida, que é na agricultura industrial”. Luis Chambel, da Musas da Fontinha, atentou para a dificuldade de encontrar uma solução diante de um problema iminente: "É preciso rever os modos de vida, os modos da organização, os modos das pessoas se relacionarem, produzirem os seus bens e perceber quais são as necessidades que todos de facto partilhamos. Temos que fazer. E, mesmo fazendo, não temos a certeza se vamos a tempo. Mas temos obrigatoriamente de fazer quanto mais não seja por uma perspectiva ética de pôr uma barreira ao cataclisma, à catástrofe que vem por aí”. As preocupações com o meio-ambiente “são realmente alarmantes e exigem, mais do que nunca, atuação da população para que a humanidade e todas as outras espécies tenham alguma chance de escapar da extinção”, segundo explicou Duarte Marques, da Extinction Rebellion. “Há uma coisa que temos que perceber. Mesmo que paremos hoje todas as emissões de carbono, já vamos ter um crescimento de 2ºC na temperatura do planeta. Por isso, os governos falharam, os próprios ambientalistas falharam, a população falhou, toda gente falhou e nós somos a última geração que pode fazer alguma coisa”. O debate fez parte de uma série de eventos promovidos pela Umundu Lx. A primeira edição do festival em Lisboa teve duração de nove dias de programação, entre palestras e debates, projeções de filmes, workshops, visitas guiadas, exposições e ações de rua, bem como atividades culturais.
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