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18,5% dos municípios portugueses não têm qualquer órgão de comunicação social
Urbi · quarta, 23 de setembro de 2020 · Análise do projeto Re/media.Lab à base de registos da ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social, revela que é principalmente o interior o mais afetado. |
Vila Real, Portalegre e Madeira são os distritos mais afetados |
21986 visitas Entre os 308 municípios de Portugal continental e regiões autónomas, há 57 (18,5%) que não apresentam qualquer registo de jornal, rádio, televisão ou meio online na ERC. Esta conclusão decorre de uma análise feita por investigadores do Re/media.Lab – Laboratório e Incubadora de Media Regionais, a partir da base de dados da ERC. Os distritos mais afetados são Vila Real (7 de 14 municípios - 50,0%), Portalegre (7 de 15 municípios - 46,7%) e Madeira (5 dos 11 municípios - 45,5%). Os menos afetados são Aveiro, Braga, Porto, Setúbal e Viana do Castelo (nenhum município) e Lisboa (um município – 0,1%). "Decidimos fazer este levantamento em Portugal, na sequência de dois projetos internacionais que regularmente identificam aquilo que designam de 'desertos de notícias': o 'The Expanding News Desert', nos EUA, e o 'Atlas da Notícia', no Brasil", adianta Pedro Jerónimo, investigador do Re/media.Lab. O efeito do "deserto de notícias português" é mais evidente no interior do que no litoral. Das cinco regiões de Portugal continental, o Alentejo é a que possui maior número de cidades sem qualquer meio registado na ERC. "A palavra desertificação tem múltiplos sentidos, pois aquela região também sofre com a desertificação populacional. Uma região com poucos habitantes e pouca infraestrutura será pouco atrativa para a existência de projetos jornalísticos", acrescenta Giovanni Ramos, investigador do Re/media.Lab a desenvolver tese de doutoramento sobre modelos de negócio para os media regionais. Importa sublinhar que o registo na ERC não é garantia de que os media estejam em publicação. Poderemos ter situações de meios que encerraram, mas que mantêm o registo naquela base de dados. O próprio efeito pandemia poderá ter consequência a este nível, que só mais adiante será possível apurar. Por outro lado, poderemos ter registos que não correspondem a projetos jornalísticos. É intenção do Re/media.Lab repetir a análise dentro de um ano, para tentar perceber a evolução. "Só com uma análise mais aprofundada podemos aferir quais os municípios que podem estar a ser invisíveis à cobertura jornalística", refere Pedro Jerónimo. A 28 de agosto de 2020, data de recolha dos dados, a ERC tinha registados 1747 meios de comunicação impressos e digitais, além de 327 operadores de rádio e 63 de televisão. Desses, 760 jornais regionais e 319 rádios locais ou regionais. O Re/media.Lab – Laboratório e Incubadora de Media Regionais, é um projeto localizado no LabCom – Comunicação e Artes, unidade de investigação da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior. É cofinanciado pelo programa Portugal 2020, no âmbito do programa CENTRO 2020 e da União Europeia através do FEDER (CENTRO-01-0145-FEDER-031277). |
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