“Na primeira disciplina que tivemos de Informática, era um computador para a turma toda. Não tem nada a ver com o que é hoje”. Conceição Boavida é a aluna número 16 da UBI. Entrou em 1975/76 para o curso de Gestão de Empresas naquele que era, à data, o Instituto Politécnico da Covilhã e fez parte dos cerca de 60 antigos alunos que se reuniram no passado sábado, 29 de fevereiro. Aluna da primeira geração da instituição, fez questão de estar no encontro que pretendeu evocar os 45 anos de Ensino Superior na Covilhã e os momentos vividos pelos estudantes que ingressaram no Ensino Superior e Universitário na cidade. “Já lá vão muitos anos”, constata Conceição Boavida. “Ainda entrei no Instituto Politécnico e não tem nada a ver com o que é hoje. Quando eu comecei, era apenas o edifício onde estão os Serviços Académicos”, lembra. “Era tudo diferente do que é agora, era uma camaradagem muito boa”, assegura. Algo que comprova por um episódio curioso, 45 anos depois: “veio hoje um professor ao encontro que ainda se recordava do meu nome e eu já nem o reconhecia porque está bastante mais velho. Mas ele ainda se lembrou do meu nome, porque na altura era como se fosse uma família”. De resto, revela que vem “sempre a estes encontros e é sempre interessante encontrar velhos amigos”.

Um ano depois de Conceição Boavida, entrou Sérgio Castanheira, no ano letivo de 1976/77. Ingressando primeiro no curso de Físico-Química, passou depois para Engenharia Eletrotécnica, e confessa: “havia muito mais contacto e companheirismo do que o que vejo hoje, em que os miúdos quase não se conhecem uns aos outros. Havia uma proximidade muito grande com os professores, comíamos juntos na cantina, tínhamos um relacionamento muito bom. Eu tinha vindo do Técnico, em Lisboa, e aqui havia uma harmonia maior e mais companheirismo.”

Emília Pereira é da mesma faixa etária de Sérgio Castanheira, mas tirou o curso de Psicologia muito mais tarde, há quatro anos. E não é a única da família: “os meus dois irmãos tiraram o curso de Gestão quase nos primórdios da UBI , o meu marido é um dos alunos do tempo do Instituto Politécnico da Covilhã e dos meus três filhos, um está neste momento a tirar Engenharia Aeronáutica e um outro tirou Design Multimédia”. Originária de uma família de UBIanos, Emília Pereira reconhece que se trata de uma “instituição de qualidade” e sublinha a importância destes encontros: “já é a segunda vez que venho e acho sempre um momento agradável de convívio entre antigos alunos e alunos mais novos”, refere.

Paula Prata entrou na UBI em 1981/1982 para Engenharia Química com apenas mais oito colegas de turma, mas acabou por se licenciar em Matemática e Informática, tendo-se doutorado em Engenharia Informática. Acabou por ficar ligada profissionalmente à UBI, onde é docente, acompanhou de perto a evolução da instituição e não tem dúvidas em afirmar que “mudou muito em termos de dimensão”. “A primeira latada foi no meu terceiro ano e naquele ano de 1983/84 éramos um grupito a subir para o pelourinho. Agora é uma coisa imensa”, constata. Quanto ao encontro, sublinha que “passou muito tempo, estamos a ficar mais velhos, mas foi interessante. Serviu para reviver aqueles tempos, em que não havia telemóveis para registar os momentos, o que é uma pena”, lamenta a docente do Departamento de Informática da UBI.

O Encontro Alumni foi organizado com o apoio do Reitor da UBI e serviu para recordar o ambiente vivido na Universidade da Beira Interior e nas duas instituições que a antecederam: o Instituto Politécnico da Covilhã e o Instituto Universitário da Beira Interior. Outro dos objetivos dos promotores passou por  valorizar o esforço, a visão e a persistência dos seus responsáveis que contribuíram para construir a instituição que hoje existe, e que deu os seus primeiros passos em 17 de fevereiro de 1975.

O Reitor da UBI sublinha que “este não foi apenas um encontro de antigos alunos, foi um encontro dos alunos mais antigos, dos primeiros. Já vamos na sétima edição e é com muita alegria que nós vemos aqui os pioneiros a regressarem. Muitos deles os filhos também já estudaram na Universidade e é assim que uma universidade se perpetua e ganha força. Eles são os pilares da casa”, reforça António Fidalgo. “Para o próximo mês de outubro, no final da semana da Recepção ao Caloiro prevemos cerca de 500 antigos alunos. Portanto, terá outra dimensão. Hoje tratou-se de celebrar os primórdios do Ensino Superior da Covilhã”, esclarece o Reitor.

Este ano, os participantes foram convidados a conhecer a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, o ponto de partida do Encontro. Seguiu-se uma Celebração Eucarística na Capela de São Martinho, antes do almoço que decorreu na Faculdade de Engenharia. Houve ainda a projeção de imagens “Memórias da UBI”, entrega de pins/diplomas, visita a exposições e o partir do bolo comemorativo dos 45 anos de Ensino Superior na Covilhã.