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O jornalismo e o "calo no rabo"
Anselmo Crespo · quarta, 19 de fevereiro de 2020 · @@y8Xxv
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Anselmo Crespo* |
21978 visitas A primeira coisa que me passou pela cabeça quando o Rafael me disse que o Urbi celebrava 20 anos e me desafiou a escrever estas linhas foi: estou mesmo velho. Digo isto porque me lembro perfeitamente de ver nascer este projeto. E lembro-me do “temido” professor Fidalgo (sim, eu sei que ele agora é Reitor) chegar um dia à sala de aula e de nos perguntar: “Urbi @ Orbi. Sabem o que quer dizer?” Parecia mais uma daquelas perguntas com rasteira que ele costumava fazer, mas não. Era um jornal digital que estava a nascer numa Universidade do interior do país, numa altura em que o digital, tal como o conhecemos hoje, era apenas uma miragem. Covilhã para o mundo. A tradução, pouco literal, encaixava que nem uma luva no meu espírito. Cheguei à Covilhã, em 1998, à procura das ferramentas que me permitissem ser jornalista e o Urbi – tal como a TUBI e, mais tarde, a rádio –, eram os instrumentos ideais para lá chegar. Era, aliás, quase irónico, tendo em conta uma outra conversa que tive, logo no primeiro ano, com o mesmo professor Fidalgo, ainda ele não era meu professor. - Como é que te chamas? E ganhei algum, não nego. Mas também ganhei muita prática. Não tendo como professores jornalistas de renome, como havia em Lisboa e no Porto, a UBI compensou sempre pela capacidade que o seu corpo docente teve – e aqui tenho de nomear também o professor João Canavilhas – em perceber que a formação prática é tão necessária quanto a teórica. E que não basta escrever umas reportagens para apresentar na sala de aula, é preciso dar visibilidade a esses trabalhos, porque com a visibilidade vem a responsabilidade e o grau de exigência é muito maior. Durante dois anos, senti-me jornalista antes de tempo. Fiz a cobertura de conferências de imprensa, de jogos de futebol, entrei nos bastidores para entrevistar várias bandas, perguntei, escrevi, filmei, editei e publiquei muita coisa. Não eram, seguramente, obras primas do jornalismo, por isso peço-vos que não vão lá espreitar ao arquivo. Mas foi essa experiência que me ajudou a desembaraçar, a trabalhar sob pressão, a não ter medo de perguntar e, mais importante, a ter a certeza de que, se pudesse, morria a fazer isto. Termino com um agradecimento e um desejo: o agradecimento aos meus professores na UBI, na pessoa do António Fidalgo, pela visão e pelo “calo no rabo” que me provocaram. E o desejo de que todos os alunos da UBI que sonham ser jornalistas aproveitem bem – até à última gota – as oportunidades que a universidade lhes dá. Parabéns, Urbi.
*Anselmo Crespo é subdiretor e editor de política da TSF. Licenciado em Ciências da Comunicação, pela Universidade da Beira Interior, em 2002, completou mais tarde o mestrado - também em Ciências da Comunicação - na Universidade Autónoma. |
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