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"Vocês não devem nada ao Estado"
Rafael Mangana · quarta, 27 de novembro de 2019 · UBI Faculdade de Ciências da Saúde da UBI recebeu, pelo segundo ano consecutivo, a cerimónia do Juramento de Hipócrates. Numa sessão que contou com a presença do Bastonário da Ordem dos Médicos, 147 novos diplomados em Medicina receberam a sua cédula profissional. |
Miguel Guimarães, durante a cerimónia que decorreu no Grande Auditório da FCS-UBI |
21994 visitas A Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI) recebeu, no dia 22 de novembro, e pelo segundo ano consecutivo, a cerimónia do Juramento de Hipócrates. A sessão, que teve lugar no Grande Auditório, revestiu-se de uma forte carga simbólica para os 147 diplomados em Medicina presentes, por assinalar o início da profissão de médico. Os participantes receberam a cédula profissional e fizeram juramento sobre um texto onde se comprometem a respeitar a autonomia e a dignidade do doente e a guardar o máximo de respeito pela vida humana, entre outras considerações importantes para o exercício da profissão. Desta forma, ficam aptos a exercer a profissão de médico reconhecido pela sociedade, enquanto detentor das autorizações e obrigações associadas à função. Presente na cerimónia, o Bastonário da Ordem dos Médicos deu os parabéns aos novos médicos, aos familiares e aos “mestres” da sua formação. Miguel Guimarães sublinhou o “privilégio enorme” de se ser médico, “não porque se tenha uma remuneração especial ou uma posição especial na sociedade, mas é um privilégio porque nós lidamos com a vida humana, porque nós estamos disponíveis para cuidar das pessoas, porque as pessoas esperam tudo de nós”. O Bastonário foi mais longe, e garantiu aos recém-licenciados: “quando dizem que um curso de Medicina custa 40 ou 80 mil euros, pensam sempre no Estado e naquilo que vocês têm que dar ao Estado. Vocês não devem nada ao Estado". Aquele responsável deixou ainda algumas críticas ao Governo no que ao tratamento da profissão de médico diz respeito. “A verdade é que nós vamos poder ir mais longe se os nossos governantes começarem a pensar de forma correta”, referiu. Miguel Guimarães aproveitou ainda para citar o músico brasileiro caetano Veloso e a passagem “quando a gente gosta é claro que a gente cuida” para salientar que “os portugueses, e em especial os profissionais de saúde, gostam do Serviço nacional de Saúde”. De resto, lembrou que “foram os médicos que construíram o Serviço Nacional de Saúde de várias formas e ao longo de todos estes anos. O que é preciso é criar condições para os médicos ficarem no Serviço Nacional de Saúde”, alertou. Também o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos deixou duras críticas à planificação desenvolvida nas últimas décadas pelos sucessivos governos, que classificou de “desastrosa”. Carlos Cortes lembrou que “há uma falta grave de recursos humanos na área da saúde, tão simplesmente porque a planificação feita nestas últimas décadas foi desastrosa e as restrições financeiras impostas ao Ministério da Saúde impedem de fazer as contratações mais prementes. É mais fácil colocar um médico a fazer tarefas administrativas - impedindo-o de estar com os seus doentes -, do que contratar os administrativos necessários para essas tarefas.” Esta é, de resto, uma situação que considera, tem tendência para se agravar. “A primeira medida deste Ministério recém-constituído foi enviar um ofício para todos os hospitais deste país a alertar que para 2020 não seria possível proceder a mais nenhuma contratação de recursos humanos”, lembrou. Para Carlos Cortes, “existe uma desvalorização gritante pela formação médica, em que o Ministério da Saúde permite – prejudicando o cumprimento dos programas de formação dos médicos internos – que estes sejam utilizados como mão-de-obra barata, substituindo especialistas quando não o poderiam fazer e colocando frequentemente em risco a segurança dos doentes”. Esta foi a segunda vez que a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) organizou a sessão do Juramento de Hipócrates na Covilhã, em parceria com a FCS-UBI, no âmbito de uma estratégia de descentralização da cerimónia. Na região Centro, até 2017, o evento apenas se realizava em Coimbra. |
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