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Debate sobre saúde mental na velhice
Sara Monteiro · quarta, 16 de outubro de 2019 · @@y8Xxv O Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro) foi assinalado com a aula aberta “Saúde mental na velhice”, organizada pelo departamento de Psicologia e Educação e promovida no âmbito da unidade curricular “Psicogerontologia” do mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde na UBI. |
Debate com a presença de Maria Assunção Vaz Patto, Ascensão Simões, Rosa Marina Afonso e Carlos Leitão. |
22025 visitas Saúde Mental na Velhice, o tema desta aula aberta, é relevante e actual se considerarmos que o suicídio é, atualmente, "a causa de morte mais frequente nos idosos, resultado da depressão e alcoolismo", essencialmente. Ascensão Simões, representante da Academia Sénior da Covilhã, realça a importância do apoio da família na existência de alguma doença mental. "O cérebro precisa do corpo e vice-versa". A oradora trabalhou com jovens, adolescentes e adultos e, "não conseguindo estar parada", começou a trabalhar em benefício dos demais. "É necessário preparar-nos para ajudar os outros", disse, explicando que acompanhou o envelhecimento ativo estudando e participando em congressos, o último dos quais foi na Fundação Calouste Gulbenkian, em 2012. "Ninguém nos dá nada de graça, tudo é conquistado", sublinha. Trabalho, dedicação e estudo são pontos fulcrais para moldarmos a nossa felicidade. "Ninguém pode ser feliz sendo ignorante", garante Ascensão. "Estudar dá prazer, por isso estudem muito" disse, dirigindo-se aos jovens alunos presentes no debate. Maria Assunção Vaz Patto, neurologista e docente na UBI, salienta que estamos perante uma "epidemia de demências" em que "damos anos à população, mas não qualidade de vida nesses mesmos anos". "Temos que mudar o nosso estilo de vida, praticar exercício físico, ter uma alimentação saudável, socializar mais, evitando o tabagismo, o alcoolismo e o sedentarismo, para prevenir as demências". "A fase inicial de qualquer demência é registada pela perda de qualidades (…) e a medicina não tem muito para oferecer para atenuar esses sintomas". Estas doenças tornam-se casos "muito difíceis para a família, com a aceitação do problema do doente e o aprender a viver com os progressos e as decadências". Carlos Leitão é psiquiatra e trabalhou, anteriormente, no Centro Hospitalar Cova da Beira, onde esteve ligado aos estágios de Psiquiatria e Saúde Mental dos alunos do 5º ano de Medicina. Estima-se que cerca de 23 por cento dos portugueses sofrem de perturbações psiquiátricas, sendo as mais frequentes a ansiedade (16,5%), os ataques de pânico generalizados e as depressões. Segundo os dados de "Health at a Glance" em 2018, cerca de 18 por cento dos portugueses sofrem de doenças mentais. "Podem parecer situações demenciais, mas não são… são perturbações depressivas", refere. Rosa Afonso, psicóloga e docente na UBI, menciona a existência de "pacientes ocultos" que, à primeira vista, não parecem estar mentalmente doentes. Como forma de apoio a estes pacientes, Portugal tem, cada vez mais, cuidadores informais que prestam auxílio a pessoas de idade avançada. "Existem, ainda, estigmas sobre a saúde mental. Temos que valorizar esse problema e ativar recursos de prevenção. Damos mais atenção às doenças físicas porque são as mais fáceis de tratar". Assunção Vaz Patto refere a importância de criar organizações de apoio à saúde mental no idoso no interior, de modo a ajudar a população doente. "A partir dos 65 anos deixamos de ter valor, segundo a sociedade. Temos que inverter essa ideia". Carlos Leitão contou que o seu pai é médico e sempre lhe disse que "a psiquiatria não cura". Porém, ele seguiu essa área de modo a ajudar doentes que sofriam de patologias durante muito tempo consideradas "doenças incuráveis" e que não podiam ser prevenidas. Carlos Leitão salientou a importância de existir um trabalho de equipa entre psicólogos e psiquiatras. "Temos que trabalhar desde o início, nas escolas", defendeu, juntamente com Rosa Afonso. "Portugal precisa de mais psicólogos nos sítios (…) uma sociedade com uma boa saúde mental, é o melhor para todos". A aula aberta encerrou com a discussão sobre os benefícios e as desvantagens do uso do telemóvel por parte dos idosos, considerando-se que pode ser uma ferramenta de apoio para o pedido de socorro. |
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