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“O Autor Morreu?” perguntou-se na 1ª Conferência do Equinócio
Filipe Tchitchi · quarta, 2 de outubro de 2019 · Para comemorar os seus 20 anos de existência, a Faculdade de Artes e Letras (FAL) da UBI organizou a 1ª Conferência de Equinócio, juntando os escritores Afonso Reis Cabral, Antonio Saéz Delgado, Dulce Garcia, Pedro Mexia e Roberto Salgueiro numa mesa redonda em torno da pergunta “O autor morreu?”. |
Presidente da FAL ao lado do Presidente da CMC, do Reitor da Universidade e do Presidente do Departamento de Letras |
21958 visitas No debate, moderado por Tito Cardoso e Cunha, Afonso Reis Cabral, enquanto escritor há vários anos e de diversos géneros literários, afirma que o autor tem que morrer para que possamos ler a obra com outros olhos. “Se não houver uma total ausência do autor, a sua realidade irá interferir na obra e, sendo a literatura uma cisão, não faria sentido ser permitido que um ponto de vista específico definisse toda a obra”, defendeu. Apesar de ter uma visão mais específica do autor, Roberto Salgueiro, dramaturgo, defende também que o autor “tem que morrer”, uma vez que a vida pessoal do autor não se pode “intrometer” na vida profissional e, consequentemente, nas obras por si produzidas. Por outro lado e com visões totalmente opostas, estão os outros três oradores convidados. Antonio Sáez Delgado, escritor e especialista em autores do século XX, defende que o “autor é um morto bem vivo”, cuja morte significaria também a morte da cultura. No entanto, convém recordar que nas ciências exatas não se dá importância à vida ou às referências dos autores, e é daí que advêm as verdades absolutas e a unidade que apresentam, tornando-as muito diferentes da literatura, em que aquilo que o leitor compreende da obra por vezes é muito distinto daquilo que o autor pretende transmitir. Dulce Garcia, escritora e jornalista, acredita que a morte do autor seria equivalente à morte de Deus, pelo que “seria dramático aceitá-la, e perigosa”. Perante esta morte, um segundo problema se levantaria, já que “não haveria autores para assumir um papel de defensor de certas causas”. Pedro Mexia, enquanto escritor e crítico, defende que “apenas o autor sabe o que o texto diz e a sua morte implicaria nunca sabermos o verdadeiro significado de uma obra”. E também defende que muitos leitores “gostam de certos autores por causa de algo que os identifica”. A sessão de abertura esteve a cargo de Ignacio Vázquez, Presidente do Departamento de Letras, José Rosa, presidente da FAL, António Fidalgo, reitor da UBI, e Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã. Entre o público, estavam também presentes vereadores da Guarda, professores e estudantes. José Rosa, presidente da FAL, fez também questão de explicar a razão pela qual o aniversário da faculdade foi relacionado com a conferência com o título “o autor morreu?”: voltando ao passado e à origem de Faculdade de Artes e Letras, defendeu “a importância das ciências sociais para a criatividade e intuição de cada um, visando valorizar a beleza da Arte. O que seria melhor do que falar do papel do autor?” O Reitor, como um dos fundadores daquela Faculdade, aproveitou a oportunidade para expressar um dos seus maiores desejos na Universidade da Beira Interior: “Quando eu for bem velhinho, gostaria de olhar pra trás e saber que a Universidade da Beira Interior tem uma Faculdade de Direito.”.
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