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Dança: um instrumento de libertação e alerta
Beatriz Pereira · quarta, 2 de outubro de 2019 · Pé No Mundo, grupo de dança vindo de São Paulo, trouxe até ao Auditório das Sessões Solenes da UBI a performance “Arquivo Negro - passos largos em caminhos estreitos”, no âmbito do festival ContraDANÇA, um certame onde a dança e o movimento contemporâneo ganham vida. |
Elementos da companhia Pé No Mundo |
21986 visitas Este espectáculo, que teve a sua apresentação na Covilhã no dia 26 de Setembro, nasceu de “uma grande vontade de dar a conhecer e a enaltecer as personalidades da história do povo negro brasileiro, às quais não foi reconhecido o devido valor, pois foram constantemente subjugadas a posições de grande adversidade, provocadas pela escravização e pelo racismo que infelizmente, ainda hoje se faz sentir no Brasil e no mundo”. Os diretores e coreógrafos, Cláudia Nwabasili e Roges Douglas, afirmam que “não existe um histórico dos negros brasileiros que seja construído de autoestima” e que dessas mesmas personalidades, “aquelas que foram colocadas na história, viram a sua etnia ser omitida”. “Mesmo em território nacional, o povo negro continua a sofrer com o preconceito.” Nomes como Carolina Maria de Jesus, Luísa Mahin, entre tantos outros que deixaram a sua marca e o seu contributo para a história, para as artes e para a cultura brasileira, são também vistos nesta peça, como “um grito pela libertação e pela emancipação do povo negro que vê o seu corpo sempre ligado á sexualidade, á pobreza e ao crime”.“ É um grito para que nos olhem de outra maneira, o corpo negro tem múltiplas facetas. Tem o seu lado positivo, o seu lado intelectual.” O papel deste espetáculo não é apenas o de homenagear as personalidades negras que tiveram importância para a história do Brasil, para a história mundial e para dar a conhecer uma outra perspetiva acerca do povo negro, mas também para que “através da arte que carregam, o grupo Pé No Mundo, possa deixar um alerta para a realidade que se vive atualmente no Brasil”. “As artes no geral, dentro da política brasileira, estão a passar por um momento muito difícil”, referiram, acusando a falta de apoios do governo para a criação e exibição do espectáculo, problema que hoje afecta as artes em geral no Brasil. Promovido pela ASTA, o ContraDANÇA irá decorrer até ao dia 12 de outubro.
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