O evento realizado no dia 16 de maio juntou Emanuel de Castro, coordenador executivo da Associação Geopark Estrela (AGE), Manuel Franco da organização Guardiões da Serra da Estrela e João Domingos do Movimento Académico de Proteção Ambiental (MAPA) para discutir os desafios, planos e futuro relativos aos recursos naturais da região.

Emanuel de Castro apresentou a candidatura da Estrela a Geopark Mundial da UNESCO, em progresso desde 2017, que promete trabalhar 11 dos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável propostos pela organização internacional. O primeiro objetivo que será trabalhado é o da Ação Climática: “vamos já a partir de setembro deste ano trabalhar com as escolas, com os stakeholders, os municípios e as instituições de ensino superior no sentido de criar uma agenda e um plano de ação para o combate às alterações climáticas, para nos prepararmos, de mitigar as alterações e de readaptar os territórios”, explica o geólogo. Acrescenta ainda que “falar em sustentabilidade é sobretudo passar da narrativa para a ação, porque as narrativas são importantes quando elas são consequentes”.

Para Manuel Franco e os Guardiões da Serra da Estrela, cabe aos habitantes da região trabalhar ativamente a relação do homem com a natureza: “Somos um grupo ativo que acredita, acima de tudo, que uma potencial solução para estas questões só é possível de ser falada se começarmos por garantir o envolvimento das comunidades locais na valorização destes recursos materiais, imateriais, naturais, semi-naturais e mineralógicos que este território tem. Só protegemos o que conhecemos, só conservamos o que reconhecemos”.

A missão do Movimento Académico de Proteção Ambiental de que João Domingos faz parte promete trabalhar este envolvimento da sociedade através dos jovens: “O objetivo do MAPA é sensibilizar os estudantes para esta problemática ambiental e juntar diferentes áreas da comunidade para colaborarmos e conseguirmos ter um impacto na comunidade. Começando por nós, depois conseguimos chegar e mudar a sociedade e o meio envolvente para melhor. É na educação que começa a mudança de mentalidade para no futuro conseguirmos fazer qualquer coisa”.

No diálogo sobre a gestão sustentável, Manuel Franco afirma que o interesse económico da capacidade produtiva da Serra da Estrela para o país não pode estar na base da gestão do território: “Qualquer modelo de gestão que venha a ser desenhado tem que centrar a sua rentabilidade na valorização não da vertente produtiva, mas essencialmente das externalidades positivas geradas pelo território. Vamos exigir que os apoios da Política Agrícola Comum (PAC) deixem de ser fornecidos a um território em função da produção. Porque se a atividade é rentável, é economicamente viável e não precisa de apoio. E vamos canalizar esse apoio para os serviços de ecossistema que precisam efetivamente de apoio e que são fundamentais para uma gestão sustentável do território”.

O evento foi parte do mês da União Europeia na UBI, que organizou no mês de maio, antes das eleições europeias, um conjunto de iniciativas com o objetivo de estimular a reflexão e participação cívica no panorama europeu.