João Duque, professor na Universidade Católica Portuguesa, focou a sua palestra numa perspetiva mais teológica e filosófica, procedendo a considerações acerca do papel do destino e do facto de as diversas comunidades religiosas reivindicarem a sua posse do “sagrado primordial”, que se traduz como a resposta ao que acontece a um indivíduo após o seu falecimento.
O orador prosseguiu incidindo sobre as atitudes que o cidadão comum deve adotar para contrariar o medo em relação à violência em nome da religião, sublinhando que “deve acolher-se alguém, independentemente da sua etnia, sexo, cultura, religião, sendo que a possibilidade de esse alguém lhe fazer mal não é motivo para se deixar de o acolher, constituindo-se essa atitude como uma obrigação moral do indivíduo”.
Jorge Moniz, investigador social na Universidade Nova de Lisboa procedeu a uma contextualização histórica com base em autores e filósofos especialistas acerca do tema da diversidade cultural, tendo concluído que existe uma preocupação inerente à relação entre o Estado e a Igreja e que resulta numa certa marginalização em relação a esta segunda. Acrescentou ainda que “a proposta de privatização da Igreja está relacionada com o medo que está incutido erradamente na religião e que faz com que este projeto seja visto como um mecanismo de defesa de modo a prevenir este receio”.
António Clara, aluno de 1º ano do curso de Ciências da Cultura, mostrou-se agradado com o tema da palestra, admitindo que “se tratou de uma temática muito pertinente, muito atual e que nos permite compreender o que leva certas pessoas a atuar violentamente em nome de certo Deus”.
António Amaral, docente na UBI e um dos principais responsáveis pela organização do evento, preferiu elogiar a postura dos palestrantes e a adesão que se verificou por parte do corpo estudantil. “Verifiquei uma afluência e um interesse surpreendente dos estudantes”, refere António Amaral, aspeto com o qual concorda José Rosa, presidente da Faculdade de Artes e Letras que, aquando da sua introdução inicial, apelou aos alunos para que “não se cinjam às aulas e adiram a eventos deste tipo, de modo a que gerações diferentes possam pensar em conjunto e apresentar perspetivas diferentes acerca do mesmo”.