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Não esquecer o Franquismo
Beatriz Rodrigues · quarta, 15 de maio de 2019 · O Desobedoc exibiu na Covilhã um documentário sobre os crimes do Franquismo e a justiça que ainda não foi feita. |
21987 visitas O Franquismo assombrou Espanha durante quase 40 anos pela mão do General Francisco Franco, deixando por todo o país marcas que não sararam e um vasto rasto de vítimas. Foi este o tema do documentário “O Silêncio dos Outros” que o Desobedoc- Mostra de cinema insubmisso, trouxe até ao espaço "A Tentadora", na quinta- feira, dia 9 de maio. Fuzilamentos, raptos de bebés, torturas e agressões são alguns dos crimes cometidos pelos torturadores do regime que, graças à Lei da Amnistia aprovada pelo Parlamento espanhol em 1977, ficaram impunes ao longo de quatro décadas de democracia. Para além de garantir a libertação dos presos políticos, esta lwi proibia o julgamento de qualquer crime cometido durante a ditadura Franquista. As vítimas deste regime rebelaram-se contra o “Pacto do Esquecimento” imposto pelo Estado ao implementar esta Lei e lutam contra a amnésia em que a sociedade está mergulhada relativa à guerra civil e ao Franquismo, tentando levar à justiça os responsáveis por estes crimes contra a Humanidade. José “Chato”, em conjunto com outras vítimas, recorreu à justiça argentina para investigar e julgar os autores dos crimes do Franquismo, porém o Estado espanhol tem bloqueado esta ação de justiça ao recusar extraditar os responsáveis. Passados quase 40 anos sobre a implantação da democracia em Espanha, ainda não há uma verdadeira rutura com o passado e com as classes políticas e instituições herdeiras do Franquismo, pondo em causa o futuro do país numa sociedade silenciada sobre os “fantasmas do passado”. “Não devemos ter receio de desenterrar o passado e mostrar como realmente foi”, afirma António Pires, professor de História, que defendeu a importância de exibir filmes que abordem esta temática, uma vez que estes “servem para avivar a nossa consciência, perante as desigualdades e atrocidades que são capazes de ser cometidas na nossa sociedade”. O Desobedoc passou pela Covilhã e pelo Fundão nos dias 9, 10, 11 de maio para apresentar filmes que, segundo Elisa Bogalheiro, co-programadora do Desobedoc, “são desobedientes e põem as pessoas a pensar”. Rui Lino, membro da organização, diz que o seu objetivo é gerar discussão sobre as várias temáticas apresentadas, através de uma troca de ideias no final de cada filme, pois há “uma mais valia no pensamento coletivo” e na partilha de ideias. O documentário “O Silêncio dos outros” de Almuden Carracedo e Robert Bahar venceu o Prémio Goya 2019 de melhor longa metragem documental, ao retratar aquele que é considerado o período mais negro da história de Espanha. |
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