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'Dá-se muita atenção ao que se passa no parlamento português e muito pouca ao que se passa no parlamento europeu'
J. Machado dos Santos · quarta, 8 de maio de 2019 · @@y8Xxv Na sua presença na Universidade da Beira Interior (UBI), a eurodeputada do Partido Socialista, Ana Gomes, apelou ao envolvimento da sociedade nos assuntos europeus. |
Ana Ribeiro Rodrigues (esquerda) e Florence Oliveira (direita) estiveram a cargo do comentário crítico à apresentação de Ana Gomes (centro). |
21993 visitas Ana Gomes encabeçou a masterclass 'A Europa pelos Europeus' que decorreu na UBI no dia 2 de maio. A eurodeputada enfatizou ao longo do seu discurso a importância e influência que as decisões tomadas no parlamento europeu têm na vida de cada um dos seus países constituintes. 'Há muitas estatísticas que são normalmente citadas, desde quem diga que 60% das leis que se aplicam num dado país, por exemplo Portugal, e há quem diga que são 80%, são de facto leis feitas no parlamento europeu', exemplifica Ana Gomes. Também o papel da união europeia como 'projeto de paz' é destacado pela eurodeputada: 'a intervenção do parlamento europeu é fundamental não só a nível legislativo, mas ao nível do controlo político, do escrutínio, do questionamento dos poderes'. Em concordância com esta linha de pensamento, a importância dada socialmente à esfera europeia deveria ter um destaque social equivalente ao seu peso, salienta a política: 'É absolutamente fundamental que os cidadãos percebam que as eleições para o parlamento europeu não são umas eleições menores, são umas eleições fundamentais. Porque é ali efetivamente que se determina, que se fabrica a legislação que depois vai ser aplicada em todos os estados membros'. O papel da comunicação social e dos deputados em campanha para o parlamento europeu também foi abordado por Ana Gomes que critica a utilização dos debates das europeias para fazer pré-debates das legislativas. 'Vamos pôr aos participantes as questões europeias, e trazer para cima da mesa todas estas questões que falamos aqui, e muitas mais, para que eles se definam em relação a elas', defende. A eurodeputada acusa ainda a comunicação social de não dar o devido destaque ao panorama europeu: 'Os nossos media ainda dão muita atenção ao que se passa no parlamento português e muito pouca atenção ao que se passa no parlamento europeu'. Partilha ainda a sua experiência pessoal com este distanciamento: 'eu já tinha feito uma série de coisas que eu acho que eram muito importantes para Portugal, e não só, e nunca tinha tido ninguém a interessar-se pelo meu trabalho. Até que um dia participei numa peça de teatro do parlamento europeu, os Monólogos da Vagina, que obviamente tinha um intuito político. Nesse dia, de repente eu vi-me nas parangonas dos media portugueses'. A implementação de métodos de voto eletrónico para combater a abstenção entre os jovens, que por exemplo se encontram longe de casa a estudar, como medida de aproximação e simplificação de burocracias foi abordada pela jornalista Ana Ribeiro Rodrigues do Notícias da Covilhã e pela estudante de jornalismo Florence Oliveira, ambas presentes na masterclass no papel de comentador crítico. Ana Gomes admite que é uma das questões que se coloca nos dias de hoje, e que apesar das reticências que existem nos mecanismos de controlo, já há países e experiências piloto que mostram que é possível. No entanto, aponta que mesmo sem voto eletrónico, existem outras medidas de facilitação do processo que podem ser aplicadas, como a possibilidade de exercer o seu direito em qualquer centro de voto do país, apenas mediante a apresentação do cartão de cidadão. A eurodeputada lembra, no entanto, que 'em Portugal, só a questão da eliminação dos mortos dos cadernos eleitorais, que é uma questão essencial, tem tardado'. Ana Gomes não exclui a responsabilidade dos jovens e o papel da sua formação: 'Há um fator que é as pessoas já terem nascido dando tudo por adquirido. Quem viveu sem estas liberdades e estas garantias sabe dar mais valor do que aqueles que hoje as dão por adquiridas. E é por isso que eu penso que a educação cívica nas escolas a todos os níveis, a educação para a cidadania, é fundamental'. Esta foi a sexta e última masterclass de uma série de apresentações feitas pelo país, organizadas pelo Sindicato dos Jornalistas com apoio do Parlamento Europeu, e contou com apresentação feita pelo docente da universidade António Bento. |
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