O espetáculo da companhia de teatro Lendias D´encantar de Beja (LdE) encheu de cor, som e vida o salão nobre da Câmara Municipal da Covilhã. Os espectadores foram levados numa viagem até à ditadura dos governos de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano e escutaram três histórias de três clandestinos, que em comum tinham a sua luta pela liberdade.

Sérgio Novo, diretor da ASTA, afirmou que todos os anos comemoram o dia mundial da arte teatral, embora de formas diferentes. Este ano, com a apresentação de “Vidas Clandestinas” lotaram o espaço, o que, na sua ótica, significa que “os habitantes da Covilhã têm gosto em ir ao teatro e acompanham de perto o trabalho desenvolvido pela associação”.

Baseada no programa da Antena 1, “Histórias Clandestinas”, a peça presenteou o público com uma adaptação dramática de testemunhos reais, onde não faltaram canções e vídeos de manifestações relativos aos tempos turbulentos vividos antes do 25 de abril de 1974.

Ao longo de 50 anos foram inúmeras as pessoas que procuraram recuperar a paz e a liberdade de um povo que “vivia silenciado e amedrontado”. “Mudaram de nomes mais vezes do que se lembram, falavam baixo, evitavam fazer amigos e espreitavam pelo canto do olho”. De acordo com os atores da peça é “graças aos clandestinos que hoje somos livres e podemos frequentar teatros e expressar as nossas opiniões”.

O ator António Abernú, que deu voz a Danilo Matos - um português que viveu na clandestinidade - confessou que, para si, o Dia Mundial do Teatro é um dia importante, uma vez que a arte teatral mudou a sua vida, e fê-lo alterar o seu caminho. Licenciado em Engenharia Aeronáutica pela Universidade da Beira Interior (UBI), Abernú desistiu dos aviões e seguiu o seu sonho de ser ator.

O espetáculo “Vidas Clandestinas” é o segundo de uma trilogia, da LdE, que tem como mote os tempos de guerra. A primeira peça, denominada “No Limite da Dor”, estreou no ano de 2014, já a terceira prevê-se que seja apresentada brevemente.