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Ciência e Política conjugadas num só debate
Rui Duarte · quarta, 27 de mar?o de 2019 · “A Ciência e a Política”, foi o tema do primeiro debate de um “Ciclo de Conferências CICS- UBI (Com)Vida”, promovido pelo Centro de Investigação de Ciências da Saúde (CICS), que se irá prolongar por todo o ano. Esta primeira sessão ocorreu na passada quinta- feira, dia 21, na Faculdade de Ciências da Saúde (FCS). |
Os três elementos que compuseram este debate |
21972 visitas Dado o carácter bastante subjetivo do tema a discussão prometia ser imensa e diversificada. O painel convidado era composto, do lado da ciência, por André Barata, professor e investigador da Universidade da Beira Interior (UBI), e do lado da política por Adolfo Mesquita Nunes, vereador do CDS na Câmara Municipal da Covilhã. A moderação ficou a cargo de Nuno Francisco, diretor do Jornal do Fundão e também docente na UBI. Logo na sua primeira intervenção, Adolfo Mesquita Nunes “arrancou” diferentes emoções da plateia, ao afirmar que “a política é muito maior do que a ciência”. O vereador do CDS na Câmara da Covilhã referiu ainda que no seu entender “não existem verdades científicas”. Tal afirmação mereceu o primeiro desacordo por parte de André Barata, que em resposta declarou: “Existem verdades científicas, o que não há é verdades políticas”. Para reforçar a sua argumentação, o professor da UBI afirmou que “o campo da política é o campo das opiniões, ao contrário da ciência”. Após uma “competição” sobre a importância destes dois polos, a discussão passou a movimentar-se em torno da relação entre os mesmos, ou seja, as políticas científicas. André Barata considera que as recentes mudanças na ciência implica que haja uma maior relação entre a ciência e a política, sobretudo por questões de ética. O professor da UBI criticou ainda as políticas científicas portuguesas que “muito pouco têm protegido quem faz ciência, os investigadores”. O pouco investimento e os salários baixos, são algumas das críticas que André Barata deixou à política científica portuguesa, ainda que reconheça um trabalho meritório nesse âmbito ao falecido ex-ministro, Mariano Gago. Adolfo Mesquita Nunes trouxe até à discussão a perspetiva política do assunto. O político português não teve rodeios em assumir que “as opções da política são sempre opções eleitorais”, seria por isso impopular atribuir um elevado orçamento à ciência, quando existem problemas maiores na sociedade, tal como a fome. O vereador do CDS deu ainda o exemplo concreto da Guerra Fria. Foi durante este período histórico que se deram os maiores desenvolvimentos cientificos, pois a ciência era usada como um trunfo político. Em relação às críticas efetuadas por André Barata, Adolfo Mesquita referiu que “não podemos ter um complexo fechado, nem complexos ideológicos”, disse ainda que “num mundo global, nunca vamos conseguir fixar todas as pessoas de todas as áreas”. André Barata não aligeirou as suas críticas e, classificando-se como um anticapitalista, destacou que “a atividade económica é limitadora da ciência”. Adolfo Mesquita, por seu lado, discordou da ideia deixada pelo professor da UBI e referiu que “a atividade económica é o combustível para que se faça uma melhor ciência”. No final do evento, coube a Ana Paula Duarte, coordenadora do CICS, explicar o nascimento deste conceito e qual o seu objetivo. “O que costumávamos fazer era mostrar o que nós fazemos aqui, no Centro de Investigação, às pessoas de fora”, começou por apontar Ana Paula Duarte, “desta vez decidimos trazer pessoas de outros departamentos e de outras áreas de investigação para discutir vários temas relacionados com a ciência”, este é o principal pressuposto apontado pela coordenadora do CICS para a realização deste ciclo de conferências. Quanto ao principal objetivo deste evento, que decorrerá durante todo o ano civil, Ana Paula Duarte refere que “ o objetivo passa por colocar as pessoas a discutir e a debater ideias sobre ciência”. |
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