O segundo sarau cultural organizado pelo MedUBI teve lugar no grande auditório da Faculdade de Ciências da Saúde na noite do dia 21 de Novembro. Este evento, cujo preço das entradas reverteu a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro, contou com a participação do actor e encenador João de Carvalho.

Foi uma noite diferente na Faculdade de Ciências da Saúde, onde um vasto grupo de estudantes de medicina participou em teatro e dança para dar vida a uma crítica criativa dos principais problemas do século XXI e, simultaneamente, a uma adaptação dos sete pecados capitais aos dias de hoje, de forma a pensar presente e futuro. Se a gula trouxe as doenças ligadas à obesidade e diabetes, já a ira e a inveja levaram ao tema da depressão.

Estes sete pecados não aparecem por acaso nesta crítica, tal como explicou Inês Jorge, directora de projectos do Núcleo de Gestão do MedUBI, que teve um papel central na organização do sarau. Estes pecados estão ligados à forma como vivemos hoje: conectados virtualmente mas desconectados fisicamente.

A primeira edição deste evento teve lugar no ano passado, com uma viagem ao século XX, a que e a segunda edição deu continuidade, abordando o presente. «Somos crianças do século XX mas crescemos no século XXI» salientou Inês Jorge. «É um pouco no estilo daquilo que Gil Vicente fez com ‘’O Auto da Barca do Inferno’’: criticar para fazer reflectir e reagir», defendeu, acrescentando que «a arte e a cultura têm esse papel fulcral: eternizar quem somos, o que pensamos e como vivemos. Mas mais do que isso, têm uma função: enviar uma mensagem, elevar a catarse».

Para os estudantes de Medicina Diogo Alves e Beatriz Paços, que assistiram ao Sarau, para além de de ser um escape a uma noite de estudos, este foi muito interessante, por, justamente tocar em temas sensíveis à sociedade.

Além de passar uma visão crítica de temas atuais, este sarau cultural quis essencialmente passar uma mensagem: a importância dos laços que criamos com as pessoas no mundo físico, e a importância de manter esses laços para o nosso futuro.

É isso que João de Carvalho acrescenta no final do espetáculo: «As redes sociais são muito boas para divulgar certas coisas, mas em outras coisas deixam nos um papel egoisticamente solitário em casa, a olhar para aquilo que está a acontecer de mal no mundo, sem nos interrogarmos e sem tentarmos intervir diretamente.»