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JDM recorre ao olhar do jornalista
Francisco Nascimento · quarta, 28 de novembro de 2018 · @@y8Xxv Jornalistas portugueses debateram o futuro da profissão em mais um congresso internacional na universidade. Relação do jornalismo com as redes sociais foi a questão principal. |
Evento contou com a opinião de jornalistas conceituados (foto: JDM) |
21981 visitas O Congresso Internacional de Jornalismo para Dispositivos Móveis (JDM) voltou à Universidade da Beira Interior, e com ele regressaram jornalistas de órgãos de comunicação social do país, para debater e analisar o futuro da profissão. No dia 20 de novembro, Ivo Neto, Miguel Soares e Nuno Patrício juntaram-se para dar o "Ponto de Vista dos Jornalistas", numa sessão marcada pela interação com a plateia. Esta foi a quarta edição do evento, naquele que é um dos congressos que mais público leva ao Auditório da Parada. Miguel Soares é editor e coordenador de informação da Antena 1 nas redes sociais, licenciado pela Escola Superior de Jornalismo do Porto, embora tenha colocado a UBI como opção aquando do acesso ao ensino superior. Para o jornalista radiofónico, as redes sociais não podem ser vistas como um inimigo da profissão, mas sim “como uma forma de chegar onde o publico está”. Miguel Soares foca-se no exemplo da plateia, formada por estudantes da área da comunicação, em que a grande maioria se informa através das redes sociais. Para além disso, a sua interatividade "permite ao jornalista entender a reação do público". Para o jornalista da Antena 1, as redes sociais são também uma forma de construir um jornalismo responsável, uma vez que as pessoas estão mais atentas, e "o que se diz não se torna lei", como acontecia outrora entre emissor e recetor. Em relação ao meio de comunicação onde trabalha, Miguel Soares acredita que a rádio pode alicerçar-se com o webjornalismo, olhando para o caso da estação pública em que são transmitidos programas em direto nas redes sociais, para além das reportagens multimédia. Já com o futuro da rádio, Miguel Soares não se arrisca a prever, isto porque "nem sabe o que é o presente". No entanto, afirma que o meio irá sofrer a curto prazo a mesma transformação que se verifica com a televisão, em que o espectador vê o que quer, e recua na transmissão para ouvir o que perdeu, nota. Considerando as vezes em que já foi decretado o fim da rádio, Miguel Soares não acredita na sua extinção, mas sim numa adaptação constante, como se verifica com o aparecimento dos podcasts. Já Nuno Patrício, no grupo RTP desde 1989, é atualmente jornalista multimédia no site de notícias da estação pública, não se mostrando satisfeito com o caminho que se está a levar relativamente às redes sociais. Abordando a adaptação da RTP ao mundo da internet, o orador não se mostra convencido com o método utilizado. Para Nuno Patrício, o site e as redes sociais da estação pública "servem como repositório dos mesmos conteúdos colocados em antena". O jornalista admite que não chega, sendo importante olhar para estas ferramentas de forma premente, colocando-as como o principal objeto de trabalho. Patrício reconhece que ainda "não se entendeu que as redes sociais são o presente e o futuro". Se no universo RTP, o público alvo ainda se informa nas plataformas físicas, a verdade é que "os jovens já não estão à espera do telejornal para ouvir as notícias". Segundo Nuno Patrício, os jornalistas ainda se mostram resistentes às novas ideias, pois "têm medo de perder vedetismo", assegura. O orador diz ser necessário deixar de se pensar na televisão como entretenimento. O jornalista define o futuro da profissão como "dar e receber", numa perspetiva de a audiência sentir que está a ser ouvida, e de que as suas preocupações são asseguradas. Contudo, e pela sua experiência como editor nas redes socias da estação pública, vê o respeito como essencial, uma vez que muitos dos utilizadores desprezam quem está do outro lado. Ivo Neto, o orador mais jovem do painel, é atualmente o responsável pelas redes sociais do Jornal de Notícias (JN), estando no periódico desde 2016. Com o aparecimento das novas ferramentas sociais, muitos dos internautas começaram a divulgar informações de teor noticioso. Ivo Neto não acredita no chamado jornalismo do cidadão, mas vê no indivíduo comum um auxílio para o desempenho da profissão, garante. Assim, o JN "utiliza as redes sociais como parceiro". O jornalista avança com o exemplo da notícia da tragédia em Borba, em que as primeiras imagens divulgadas pelo jornal foram aproveitadas depois de uma partilha no Facebook. Com a devida autorização, Ivo Neto afirma que a informação jornalística deu contexto às imagens. Para o orador, as redes sociais são um aliado dos meios tradicionais, pois permitem divulgar a notícia de uma forma diferente, da mesma forma que possibilitam a introdução de novos conteúdos. Por outo lado, os aspetos negativos, como as notícias falsas, trazem novos desafios à profissão, "sendo necessário que as pessoas percebam que nem tudo o que está na internet é verdade". Num evento organizado por professores e investigadores da UBI, a quinta edição do congresso JDM decorrerá no ano de 2020. |
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