A peça de teatro, inspirada na obra literária de José Saramago, chegou pela primeira vez à Covilhã inserida no programa do “Colóquio Internacional Miguel Real - Literatura, Filosofia, Cultura”. A adaptação dramatúrgica tem cunho de Filomena Oliveira e de Miguel Real, autor homenageado neste colóquio pelo seu contributo nas áreas da história da cultura, da literatura, da filosofia e da lusofonia.

“O ano da morte de Ricardo Reis” é o nome do livro e da peça construída a partir da “ficção sobre ficção sobre ficção”: ficção de Saramago sobre Ricardo Reis, este por sua vez uma personagem de ficção construída por Fernando Pessoa. A história desenrola-se a partir destas três personagens: José Saramago, Ricardo Reis e Fernando Pessoa, destacando-se Saramago por desempenhar o papel ora de autor, ora de narrador.

O espetáculo começou por volta das 21 horas e durante hora e meia prendeu a atenção da sala, praticamente repleta. O jogo de luzes, imagens e representações de Portugal entre a primeira e a segunda grandes guerras, contextualizaram o público, transportando-o para o tempo da narrativa.

 A Associação ÉTER dedica-se à cultura portuguesa, aprofundando a relação entre o público, a linguagem artística e temas importantes da História e da Cultura portuguesas. O convite por parte da organização do Colóquio Miguel Real surgiu no sentido de dar a conhecer as obras do autor que também têm expressão ao nível do teatro.

Esta foi a primeira vez que a ÉTER esteve na Universidade da Beira Interior, bem como este espetáculo. Filomena Oliveira, responsável pela encenação e pela adaptação dramatúrgica da peça, diz que “foi com muito prazer que a equipa da ÉTER veio integrar este Colóquio.”

A peça de teatro foi dirigida aos alunos das Escolas Secundárias da Covilhã, que se preparam para começar a estudar a obra de Fernando Pessoa. Maria Silva, estudante da Escola Frei Heitor Pinto, refere que é “interessante ficar com a ideia do que trata a obra de Fernando Pessoa.” Segundo a aluna, estas iniciativas deveriam realizar-se com maior frequência, uma vez que motivam os alunos a ler e lhes despertam curiosidade sobre a literatura portuguesa.

“A sala esteve repleta de estudantes, isso é maravilhoso e tem a ver com a forma de trabalhar da ÉTER que inclui o público nos próprios espetáculos”, referiu Filomena Oliveira. “Estamos muito satisfeitos com o resultado”, concluiu a encenadora.