Na última sexta feira, 26 de outubro, realizou-se o evento Move Up na Faculdade de Engenharia da Universidade Beira Interior (UBI). Os desfiles e atividades ligadas à moda acontecem todos os anos e são uma oportunidade para os estudantes de Moda da Universidade da Beira Interior exporem ao público suas próprias coleções. Esta edição contou também com a apresentação do projeto Fashion From Portugal 4.0, pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), a coleção dos alunos do Mestrado em Branding e Deisgn de Moda IADE-UE e o concurso Portuguese Fashion News da Associacao Selectiva Moda (ASM). Além disso, para inspirar os futuros profissionais da moda, o evento encerrou com um desfile do designer convidado Carlos Gil, natural do Fundão, que está no país para o Portugal Fashion.

Benilde Reis, uma das organizadoras, conta que a coleção dos estudantes foi desenvolvida ao decorrer do ano e essa oportunidade é muito importante para eles: "Estamos a mostrar sua identidade enquanto designers, identidade de uma marca a que eles podem dar continuação e serem empreendedores nesse sentido", explica. Já o professor Rui Miguel acredita que é uma forma de desenvolver talentos: "Há alguns talentos que são inatos e outros que são desenvolvidos através da pesquisa, do estudo, da discussão", diz. "É o resultado do ano de desempenho por parte dos estudantes, por parte dos professores, dos técnicos, enfim, toda a comunidade que anda à volta do design", disse.

Na passarela, os modelos desfilavam as coleções desenvolvidas por estudantes e exibiam suas próprias personalidades e mensagens através das roupas. Mesmo quem estava apenas assistindo e não fez parte da confecção, como a estudante de Moda Carolina Hoffman, na UBI ao abrigo do programa Erasmus, conseguiu entender. "Sem nenhuma explicação, a gente consegue ver na roupa o que o designer está tentando passar. Tinha conceitos incríveis que desde a música passavam uma mensagem e é interessante para a gente, que faz moda, ver o trabalho dos outros alunos, porque tudo acrescenta para a gente que está nesse mundo. Temos que ficar bem atentos a tudo".

Foi essa a intenção de Joyce Balbino, mestranda que mostrou a coleção chamada PÚB(L)ICOS, que faz alusão ao corpo da mulher. "Atualmente o que estamos vivendo é a mulher se impondo, procurando o seu lugar na sociedade, algo que ela já devia ter mas ainda não tem", explica. "Nossas vozes, ao mesmo tempo que crescem e damos dez passos para frente, parece que voltamos cinco para trás. Então eu quis fazer algo que chocasse, que trouxesse o corpo da mulher nu e cru". As roupas desfiladas mostravam pêlos, formato de vulvas, e o desfile finalizou com uma roupa feita de mamilos. "Foi o maior grito de liberdade. Não porque a luta feminina tem a ver com mostrar o corpo. Não é mostrar o corpo, é uma forma de liberdade. Então coloquei os mamilos totalmente livres ali. Estava de forma explicita, mas é uma metáfora para mulher. A mulher é aquilo que ela é, nao tem que se prender".