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A eutanásia entre a medicina e a filosofia
Adriana Gonçalves · quarta, 31 de outubro de 2018 · Continuado A manhã do segundo dia das Jornadas de Ética contou com a presença do médico e antigo professor da Universidade da Beira Interior, Joaquim Viana, e do filósofo e investigador Steven Gouveia. |
O médico Joaquim Viana com o Presidente da Faculdade de Artes e Letras, José Maria Rosa. |
21971 visitas No segundo dia de Jornadas, confrontaram-se duas perspetivas distintas: a da medicina e a da filosofia. O projeto de lei que regula a despenalização da morte medicamente assistida foi reprovado em maio deste ano e continua a ser alvo de discussões um pouco por todo o lado. Desta vez, na Sala dos Conselhos da UBI, reuniram-se filósofos, investigadores e professores para refletir sobre o cuidado da vida, o cuidado da morte e, por fim, a morte voluntária. Joaquim Vieira, médico no Hospital Universitário de Coimbra, fez uma comunicação centrada nos “olhares de dentro da medicina”, abordando os problemas com que os médicos se deparam perante a assistência ao suicídio. Joaquim Vieira deu exemplos de casos práticos e expôs a pluralidade de visões e opiniões que dividem não só os seus colegas de profissão, como a sociedade em geral. A linha de raciocínio do antigo docente da UBI seguiu quatro questões fraturantes: “A eutanásia e a assistência ao suicídio são moralmente diferentes? A linha que separa a eutanásia e a distanásia é sempre claramente identificável? Que pensar da eutanásia ou do apoio ao suicídio sem participação médica? Faz sentido opor morte voluntária a cuidados paliativos?”. Joaquim Vieira não quis dar uma resposta definitiva, mas sim elucidar a audiência com factos reais. Através de diversos estudos empíricos que traduzem dados estatísticos sobre a opinião dos médicos, Joaquim Vieira concluiu que a disparidade de opiniões dentro da medicina reflete aquilo que sucede na sociedade. Na opinião do médico “temos de pensar em casos concretos” para abordarmos o assunto em profundidade. No lado oposto da mesa, o jovem investigador da Universidade do Minho, Steven Gouveia apresentou uma comunicação centrada na distinção de dois conceitos relevantes para o tema, “matar” e “deixar morrer”. Destas duas ações, surge a eutanásia ativa, que se discute, e a eutanásia passiva, praticada legalmente por profissionais de saúde. Numa perspetiva teórica, o filósofo defendeu que “a eutanásia é um problema a priori”. Para Steven Gouveia, “matar é errado, mas nalgumas situações esta pode ser a solução moralmente correta” e “matar nem sempre é moralmente pior do que deixar morrer”, porque a intenção pode ser exatamente a mesma em ambas as situações. Apresentadas as comunicações, discutiram-se ideias e gerou-se um debate entre os oradores e investigadores na sala. Segundo Ricardo Batista, estudante de Filosofia na UBI, estas conferências são “elucidativas e importantes para tomar uma posição sobre a eutanásia”. O programa do dia 26 de outubro contou ainda com comunicações do Presidente da Faculdade de Artes e Letras, José Maria Rosa, e dos professores Ana Leonor Morais Santos e André Barata. |
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