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#EleNão na Covilhã
Ana Luiza · quarta, 3 de outubro de 2018 · A Caminhada na Covilhã: Mulheres unidas contra Bolsonaro #EleNão reuniu cerca de 30 pessoas. |
Foto: Rafael Augusto |
21976 visitas O evento “Caminhada na Covilhã: Mulheres unidas contra Bolsonaro #EleNão”, ocorreu no último sábado, dia 29 de setembro e reuniu por volta de 30 pessoas, segundo as organizadoras. Planejado através das redes sociais, o movimento ocorreu em diversos lugares no mundo e tem como objetivo protestar contra o candidato à presidência do Brasil Jair Messias Bolsonaro. Deputado do Rio de Janeiro há 28 anos, Bolsonaro é famoso por seus ideais de extrema-direita que vêm sendo fortemente divulgados durante sua campanha eleitoral, despertando opiniões diversas entre a população. Com um discurso com tendências machistas, homofóbicas, racistas e facistas, o candidato conquistou o amor de uns e o ódio de outros que se sentem pessoalmente atingidos por sua ideologia. Para a estudante de cinema na Universidade Beira do Interior (UBI), Flora Soares, de 22 anos, e a jornalista Thaís Longaray, de 30, o discurso do político foi o que motivou a criação do movimento na Covilhã. “A motivação veio primeiro de um ímpeto pessoal de agir, como eu pudesse, para barrar o candidato Bolsonaro. Ele é um candidato com ideias fascistas, anti-democráticas, anti-intelectuais, que não entende de economia, cultura e nem de gente”, disse Flora. Thaís reforçou a importância do movimento para mostrar que, mesmo longe do país, os brasileiros continuam preocupados com o momento político no Brasil. “Somos brasileiras, não importa o lugar. E quem se cala acaba por consentir. Então acredito que esse tipo de movimento tem duas funções importantes: mostrar a nossa posição ao Bolsonaro, mas também aproximar a comunidade brasileira que está na Covilhã.” A jornalista também disse o que pensa sobre o discurso do candidato: “Para mim, ele é um monstro. O discurso do Bolsonaro favorece a violência contra mulheres, gays, negros, pobres, indígenas. E, caso ele seja eleito, terá mais força ainda. Tenho medo, muito medo” O movimento, como o nome já diz, era voltado para o público feminino, porém atraiu homens e integrantes da comunidade LGBTQ+ que se uniram às mulheres na manifestação contra o candidato. O grupo se reuniu no Arco da UBI às 16 horas e caminhou até ao Jardim Público cantando marchas contra Bolsonaro e ecoando o jargão “#Ele Não”, “#Ele Nunca”. No Jardim, chamaram a atenção com os protestos e cartazes. Uma das manifestantes brasileiras, a engenheira química, Nilza Reis de 49 anos, disse que o candidato não tem nenhuma proposta que favoreça a população brasileira, e que “na realidade ele só tem ódio a espalhar e que ele atinge principalmente as minorias”. “Todas as declarações dele, quando ele se refere às mulheres, são absolutamente de diminuição, para que nós nos sintamos menosprezadas, menores. E cada vez que ele propaga isso, faz com que tudo pelo o que a gente lutou com tanto suor, sangue e lágrimas, se esvaia. Então, por ser mulher, isso me dói muito mais. Mas também são importantes as lutas dos LGBTs, dos negros, todas as minorias. Porque nas declarações dele ele deixa muito claro que ele odeia as minorias”, declarou. Outro manifestante brasileiro, Henrique Barum, mestrando em Estudos da Cultura na UBI, de 23 anos, opinou sobre o discurso preconceituoso do candidato: “Ele é um candidato extremamente homofóbico. E fazendo parte da comunidade LGBT, e ainda, sabendo do jeito que eu sou, que eu não vou me adequar dentro de um padrão, que eu vou viver a minha verdade, eu vou viver a minha felicidade, e saber que ele tem esse tipo de discurso ameaçador, de dizer que se o filho está meio gay isso é um problema, que tem que dar um coro nele para resolver. Isso está errado, não é com violência que se resolve, nem com ignorância. E ele prega isso e isso afeta todo mundo. Então, não só por fazer parte da comunidade LGBTQ+, é por fazer parte disso como sociedade e como nação, não podemos deixar que esse tipo de coisa aconteça” O movimento contou também com a presença de alguns portugueses preocupados com a situação política do Brasil. É o caso do Dirigente Associativo e Presidente da Liga dos Amigos dos Penedos Altos (Lapa), José Manuel Duarte, de 72 anos, que, como alguém que já vivenciou a ditatura, considera Bolsonaro um péssimo candidato e que “se ele ganhasse as eleições, seria uma tragédia”. “Eu tenho muita esperança que o candidato Haddad, ganhe as eleições. É difícil na primeira volta, mas não é impossível. E acredito que ainda vai a tempo de chegar em primeiro lugar na segunda volta e conseguir lindos esforços para evitar a catástrofe e a tragédia daquele imenso irmão que é o Brasil” Para as organizadoras, a manifestação foi um sucesso, apesar de realizada em uma cidade pequena e de interior como a Covilhã. “As minhas expectativas foram superadas! Imaginei que seriam poucas pessoas, mas fortes. Aos poucos, foram aparecendo mais e mais. Não podemos comparar o nosso evento com os de grandes cidades e nem os que aconteceram no Brasil. Mas considerando onde estamos e a forma como correu, foi demais!”, declarou Thaís. |
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