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“A AAUBI não é uma associação apenas recreativa”
Afonso Canavilhas · quarta, 1 de agosto de 2018 · @@y8Xxv É na sede da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI) que somos recebidos por Afonso Gomes, presidente da direção da coletividade juvenil. O mestrando em Ciência Política propõe-se a falar connosco numa casa que “é de todos os estudantes”, abordando todos os temas de forma descomplexada. |
Afonso Gomes, presidente da AAUBI |
22038 visitas Seis meses depois de ter sido impulsionado pela “força dos estudantes”, Afonso Gomes faz um balanço “muito positivo” do trabalho desenvolvido até hoje. Convidamo-lo a revisitar um percurso cujo início remonta há cinco anos, altura em que iniciou a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais (CPRI). Apesar da vertente escolhida, nunca se imaginou no papel de dirigente associativo, muito menos presidente da Associação Académica da instituição de ensino em que acabava de entrar. A certa altura do seu trajeto, a vontade de “não ser apenas mais um número de aluno e querer fazer algo pela instituição que frequentava” fê-lo despertar para a questão do associativismo. Iniciou o seu percurso de dirigente no ano letivo 2016/17 para assumir responsabilidades no departamento desportivo e o “bichinho” do associativismo atacou em definitivo. Nessa vertente, o mandato da direção antecedente, liderada por Raquel Bento, foi um sucesso, cortesia da conquista do Europeu de futsal masculino na Turquia. Cerca de cinco meses depois, foi “incentivado por várias pessoas” a assumir uma candidatura à presidência da direção e venceu com uma vantagem significativa. Assim que tomou a decisão de avançar, a primeira missão passou por reunir a equipa. Paulo Afonso e Rita Cruz, atuais vice-presidentes, foram dois dos elementos que transitaram da direção anterior e ajudaram nas escolhas. “Para além das pessoas cujo trabalho já conhecia por pertencerem à direção anterior, procurei reunir um grupo de alunos em quem, apesar da inexperiência, reconhecia caraterísticas adequadas para os cargos que tinha idealizado”. Uma vez constituída, a equipa assumiu uma candidatura sob o slogan “Força dos Estudantes”. De há cerca de seis meses a esta parte, Afonso Gomes é o “chefe máximo” da Casa Azul, sede da AAUBI. Incitado a comparar a imagem que tinha da Associação Académica antes e depois de assumir um cargo na mesma, Afonso Gomes estabelece uma diferença significativa. “Quando entrei na universidade, não tinha noção daquilo que a Associação Académica representa nem do trabalho que aqui é desenvolvido. Assim que me tornei membro, percebi que é precisamente por aí que tem que se começar, há que aproximar a AAUBI dos ubianos. É inaceitável que apenas cerca de sete por cento dos estudantes sejam sócios da Associação. Temos desenvolvido esse trabalho nestes seis meses e seguramente vamos continuar”, refere. A atual direção tem procurado aproximar-se dos estudantes, fornecendo formações aos núcleos de estudantes de cada curso e, por exemplo, através da organização de mais iniciativas como o fórum Pré-Encontro Nacional de Direções Associativas, procurando conhecer as preocupações dos alunos para posterior exposição. Ainda assim, Afonso Gomes afirma que esta tentativa “não pode funcionar apenas num sentido”, apelando à uma “maior sensibilidade dos alunos para este tipo de questões”. “Dar mais ênfase a atividades do ponto de vista pedagógico” tem sido um dos objetivos do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela atual direção da Associação Académica. Afonso Gomes lamenta que, não raras vezes, a AAUBI seja conotada como uma organização “meramente recreativa”, relembrando que a missão da entidade que preside passa essencialmente por “defender o superior interesse dos estudantes e reivindicar a favor do mesmo perante todas as entidades envolvidas no processo”. O balanço dos primeiros seis meses de trabalho é “muito positivo”. A duração de um mandato da Associação Académica corresponde aproximadamente a um ano civil e Afonso Gomes refere que “em um ano é muito difícil estabelecer um projeto que possa vingar”. Assim sendo, afirma que o trabalho na Associação Académica “deve ser contínuo” e, do ponto de vista metafórico, considera que “a AAUBI é como a Sagrada Família, está sempre em construção, e cada direção deixa o seu «tijolo», ou seja, as suas ideias e dinâmicas”, considerando que é demasiado cedo para projetar aquilo que se passará daqui a seis meses, altura em que haverá novas eleições. Para o jovem covilhanense, a Associação Académica não se esgota nas paredes da Universidade e há toda uma responsabilidade social que obriga a ter impacto na comunidade, até porque é esse o papel da “associação juvenil mais representativa do distrito de Castelo Branco”. É nessa linha de pensamento que é considerado um dos principais projetos para os próximos meses de mandato: “Pretendemos levar cuidados primários de saúde às povoações mais isoladas do concelho, localidades essas em que não existem centros de saúde”. Para além da realização de mais uma Receção ao Caloiro que já está a ser preparada, Afonso Gomes revela ainda que também tem um grande projeto em mãos no que ao setor desportivo diz respeito, pretendendo colocar mais equipas da AAUBI a competir nas competições regionais, algo que ainda só não aconteceu pela ausência de incentivos financeiros. E porque o futuro dos estudantes é uma preocupação para o dirigente estudantil, está prevista a organização de mais uma edição da “Feira de Emprego”, desta feita em moldes diferentes. “A ideia passa por convidar grandes empresas do mercado nacional e internacional a apresentarem a sua oferta aos estudantes mas de forma concentrada, ao longo de dois dias”, explica.
Situação financeira Do ponto de vista financeiro, o presidente da atual direção não esconde que “dar continuidade ao pagamento da dívida é um dos grandes objetivos”. Ainda assim, indica que “o principal problema é de liquidez, uma vez o dinheiro nem sempre chega quando é necessário para determinado fim”, afiançando que a “atual equipa jamais fará algo que possa comprometer a Associação do ponto de vista financeiro”, reservando um balanço concreto para o final do mandato. “A falta de apoios” continua a ser um problema para a AAUBI, entidade que gostava de beneficiar de “maior apoio por parte da autarquia”. A questão associada ao Bar Académico, única fonte de rendimento própria da Associação, continua a ser gerida. As queixas dos vizinhos em função do barulho têm feito com que o bar feche às 2 horas da manhã, mas a atual direção pretende fazer obras de insonorização que viabilizem o fecho duas horas mais tarde, tal e qual como era costume.
“E se um dia acordássemos sem universidade”? Aos olhos de Afonso Gomes, há uma subvalorização da influência da Universidade da Beira Interior no contexto regional, propondo um exercício simples: “Imaginemos que, um dia, a cidade acordava sem a «vida» que lhe é proporcionada pela universidade e pela Associação. O conhecimento é o principal motor do desenvolvimento e é nos estudantes que reside esse conhecimento especializado que importa manter na região”. |
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