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Mercado Eco chega pela primeira vez à Covilhã
Juliana Reigosa · quarta, 9 de maio de 2018 · Iniciativa chamou a atenção para a promoção da economia local, da agricultura biológica e de outros modos de produção sustentáveis. |
Busca por produtos ecológicos leva consumidores à primeira edição do Mercado Eco na Covilhã. |
22000 visitas A primeira edição do Mercado Eco na Covilhã reuniu no sábado, 5 de maio, produtores locais e consumidores no Mercado Municipal em torno de um propósito em comum: o acesso a produtos agrícolas locais, provenientes de modos de produção sustentáveis, amigos do ambiente e da saúde. A iniciativa, organizada pela Associação de Agricultura Biológica e AgroEcológica da Beira Interior (BioEco), contou com o apoio da Câmara Municipal da Covilhã. Entre os itens ecológicos expostos, destaque para produtos hortícolas, peças de artesanato, ovos biológicos, sumos, óleos e pomadas, todos produzidos com técnicas que não prejudicam o meio ambiente. Para o presidente da BioEco, Miguel Fiadeiro, o Mercado Eco tem uma responsabilidade muito grande a nível educacional porque consciencializa as pessoas para a importância dos produtos biológicos. “Achamos que o mercado é a melhor forma de aproximar o consumidor do produtor, de modo que o cliente consiga ter esse conhecimento diretamente de quem participa na produção do produto”, explicou. Com escritório no Fundão, a BioEco organizou o primeiro mercado orgânico em Alpedrinha, no dia 11 de fevereiro deste ano. De acordo com Miguel Fiadeiro, a produção envolve técnicas ancestrais, que protegem a natureza ao não utilizarem produtos agroquímicos. “Não usamos itens que sabemos que vão prejudicar a própria natureza e contaminar aquilo que queremos que seja nosso amigo e que cresça conosco”, ressaltou. O agricultor Carlos Novo, da empresa de produtos hortícolas Bio Ninho, é um dos entusiastas e participantes do projeto. De acordo com o produtor, esse tipo de eventos é fundamental para se pensar numa vida com melhor qualidade e mais saudável. “É preciso haver iniciativas como esta para que se possa desenvolver este tipo de produção e incentivar as pessoas não só a consumir, mas também a produzir alimentos diferenciados”, completou. Carlos Novo, que já participou em outros mercados orgânicos organizados pela associação, como o de Alpedrinha, contou que emprega técnicas tradicionais, feitas quase todas manualmente. A salsa, por exemplo, é produzida num processo mais lento, não industrializado, o que confere determinadas características à produção. “Às vezes, os preços são ligeiramente mais caros porque há uma perda grande da produção”, explicou. Para o produtor Vasco Rolão Preto, da exploração agrícola Vale de Mouro, há um certo preconceito quando se pensa em agricultura biológica. “As pessoas julgam que os produtos são mais caros e não se interessam em saber por que são mais caros”, lamentou. Por isso, o agricultor acredita que seja necessária uma pedagogia. “A nossa missão é passar às pessoas não só a necessidade de comerem produtos mais saudáveis, mas também de fazerem o bem à natureza, em vez de estarem a fazer uma sobrecarga constante no meio ambiente”, avaliou. Vasco Rolão Preto considera o Mercado Eco “bom para todos”, ou seja, “tanto para os comerciantes tradicionais, quanto para os que trazem uma nova forma de abordagem ecológica para dinamizar a região”. O produtor, que coloca também produtos agrícolas em mercados de outras regiões, espera que, futuramente, seja viável dividir a produção por região e comercializar de acordo com o local onde cada produto foi produzido. “Estamos a fazer um esforço no sentido de vender em Lisboa, por exemplo, o que é produzido lá e comercializar na região da Covilhã, Castelo Branco e Fundão o que é produzido aqui”, explicou. Vasco Rolão ressaltou ainda a importância de valorizar a produção local. “Há pequenos produtores que merecem um lugar no consumo semanal das famílias”, afirmou. Em relação às técnicas de produção empreendidas em seus produtos, Vasco Rolão classificou a produção do Vale de Mouro como “certificada, biológica e com muitos dos princípios da permacultura”. Esta ciência conta com uma metodologia de agricultura permanente, onde a atividade agrícola é baseada num planejamento racional que não agride a natureza, ao mesmo tempo que cria uma produção mais integrada e sustentável. “Além de produzirmos, há uma preocupação contínua em se fazer terra, prevalecendo uma relação de compreensão, onde estamos a ajudar a natureza e não só ela a ajudar-nos”, explicou o produtor. Marju Kivi, da Naturalness, que produz óleos essenciais a partir de plantas, também considera a iniciativa do Mercado Eco “ótima”, já que “promove produtos locais e de alta qualidade”. No caso de Marju, a produção se concentra a partir de plantas aromáticas e medicinais da região da Beira Baixa, como óleo de eucalipto e de pinheiro. “Procuramos solos de qualidade de outros produtores da região e o resultado é uma coleção de óleos essenciais a que chamamos coleção portuguesa, todos produzidos em Portugal”, resumiu. A partir de agora, o Mercado Eco ocorrerá na Covilhã no primeiro sábado de cada mês, das 9 às 13 horas, no Mercado Municipal. De acordo com o presidente da BioEco, Miguel Fiadeiro, a expectativa é que o projeto cresça cada vez mais, tanto a nível de conhecimento das pessoas, como de participação de produtores. Hoje, a iniciativa já conta com mais de 30 associados. “A ideia é que se espalhe e que se criem mais associações como a nossa em outros pontos da região da Beira Interior e a nível nacional”, disse. As próximas edições do Mercado Eco na Covilhã podem ser acompanhadas na página do evento no Facebook. |
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