Na contramão do consumismo massificado, a Feira Troca a Tod@s, que ocorreu na Covilhã no último sábado, 7 de abril, tinha uma regra simples: era proibida a circulação de euros. O dinheiro autorizado era o tear, moeda social que podia ser adquirida na entrada da feira, no Banco do Tear: cada euro equivalia a um tear. Com a moeda em mãos, as pessoas podiam escolher dentre os mais variados produtos, de modo a valorizar o consumo colaborativo. As trocas também podiam ser feitas de forma direta, isto é, um produto ou serviço podia ser trocado por outro produto ou serviço.

De acordo com Graça Rojão, presidente da CooLabora, cooperativa de intervenção social que organiza a iniciativa, o objetivo central é “valorizar a economia local, promover uma reflexão sobre o valor do dinheiro e chamar a atenção para o sentido colaborativo”. O projeto surgiu em 2014, a partir da vontade de um grupo de pessoas em criar um sistema de consumo que repensasse o método vigente, ao mesmo tempo que valorizasse as pessoas, seus saberes e produtos

Inicialmente programada para ocorrer no Jardim Público da Covilhã, a feira precisou mudar de endereço por causa da chuva e foi realizada na sede da CooLabora. Nesta edição, 25 participantes expuseram diferentes tipos de produtos: hortícolas, artesanato, pão caseiro, doces, sabonetes artesanais, petiscos, brinquedos em madeira, livros e roupas. Além da troca de produtos locais, a feira contou também com diversos tipos de oficinas: de produção de chucrute, de danças europeias, de histórias animadas para crianças, de yoga e de mandalas, peças artesanais com significado cósmico.

A estudante de Engenharia Ambiental da UBI Marla Rubia estava animada por participar como expositora da feira pela primeira vez. Em outubro do ano passado, ela havia visitado e gostado da iniciativa, decidindo promover seus produtos nesta edição. “Apesar do tempo ruim, eu estou gostando bastante. Esse tipo de iniciativa é importante”, ressaltou. Além de expor doces e artesanatos, Marla promoveu também um workshop de mandalas.

Especializada em sumos naturais e comida saudável, a comerciante Fátima Leitão, que participa da feira há três anos, também estava animada com o evento. “Neste intercâmbio de produtos, já troquei morangos com a vizinha, já comprei um pastel de molho, já provei os fermentados e já dei dos meus sumos”, contou.

Fátima apenas lamentou a pouca quantidade de visitantes, apesar da variedade de bancas no local. “É uma pena as pessoas da Covilhã não comparecerem em grande número, porque temos ótimos produtos”, admitiu. Na avaliação da comerciante, é preciso estudar maneiras de trazer mais pessoas para a feira. “Esta é uma ideia fantástica. O espírito de coletividade está aqui, onde já criamos raízes e experiências. Temos agora que criar escala e exportar isto para meios maiores”, ressaltou.

A Feira Troca a Tod@s é realizada quatro vezes ao ano, uma em cada estação. Promovida pela CooLabora, a 14ª edição contou com o apoio da Câmara Municipal da Covilhã e do projeto “Quero Ser+E6G”.