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TeatrUBI despede-se do festival com futuro incerto
Inês Ferreira · quarta, 28 de mar?o de 2018 · A peça que o TeatrUBI estreou no ano passado foi apresentada ao público pela última vez. O Teatro Municipal da Covilhã foi o palco escolhido para o adeus. |
Edmilson Gomes a atuar na peça "Different Pulses". Crédito: Facebook TeatrUBI Grupo de Teatro |
22081 visitas “No final da peça estava quase a chorar. Não pela peça em si, mas porque esta foi a última vez que a fizemos e por tudo o que passamos até aqui. Foi um ano inteiro de ensaios”, contou Daniela Matos, depois de deixar o palco. A atriz do TeatrUBI, grupo de teatro da Universidade da Beira Interior, acabava de participar na última apresentação da peça “Different Pulses”. O espectáculo, que aconteceu no dia 20 de março, fez parte do programa do 22º Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior. A peça, coproduzida pelo TeatrUBI e pela Associação de Teatro e Outras Artes - ASTA, contou com um elenco constituído por quatro membros do grupo de teatro da UBI: Daniela Matos, Helena Ribeiro, Ambrósio Wachilala e Edmilson Gomes. A ideia para “Different Pulses”, peça inspirada em textos de William Shakespeare e falada em português e inglês, “surgiu essencialmente através de improvisações”, declarou a atriz Daniela Matos. Surgiu “de ideias de cada um dos membros do teatro e também da ajuda do diretor”, completou Ambrósio Wachilala. “Fomos fazendo um brainstorming de ideias. Não sabia que se podia construir uma peça simplesmente a partir da ideia de cada um, como aconteceu com esta, tanto de alunos como do diretor da peça”, confessou Wachilala. Para o ator e membro do TeatrUBI, esta arte performativa revelou-se muito enriquecedora: “A minha experiência aqui no teatro tem sido bastante positiva e bem diferente daquilo a que estava acostumado em Angola, que era mais tradicional. Desde que vim para a UBI, encontrei um novo tipo de teatro que é mais contemporâneo e inovador. Para mim tem sido muito enriquecedor. Cada cena que fazemos em palco tem um impacto diferente para cada um de nós”, explicou Wachilala com emoção. “Ensaiamos quatro horas todos os dias, mas acaba sempre por valer a pena”, afirmou Daniela Matos, quando questionada sobre a preparação dos espetáculos. Para Daniela, fazer parte do TeatrUBI é uma mais-valia e uma forma de se ganhar “um à-vontade diferente”, sendo as amizades “a melhor parte” da experiência. O festival organizado pelos grupos TeatrUBI e ASTA “ é o mais antigo festival de teatro universitário que se realiza em Portugal”, afirma o diretor do TeatrUBI, Rui Pires, acrescentando que se “realiza ininterruptamente há 22 anos ”. “É uma pena não se investir mais no teatro”, declara Rui Pires, explicando que, devido à falta de apoios, o festival deste ano sofreu um corte de três dias. “O grupo tem cada vez menos financiamento e as coisas estão cada vez mais difíceis de realizar”, acrescenta o diretor do TeatrUBI. “No próximo ano não sei como será, atendendo a esta falta de financiamento. Acresce o facto de o grupo não ter um espaço próprio para ensaiar, dar espetáculos, nem um espaço administrativo ou mesmo um local para guardar cenários e roupa”, lamenta Rui Pires. Para além destas dificuldades, o grupo irá deixar de poder contar com a cedência do Teatro Municipal para os ensaios, por parte da Câmara Municipal da Covilhã, uma vez que o espaço irá fechar para obras durante cerca de dois anos, comprometendo a preparação das peças e a própria realização do festival. Ao grupo, que recebe constantemente convites de outros países, falta também apoio para poder internacionalizar o seu trabalho. Segundo Rui Pires, “ainda não se percebeu que, além de ir representar Portugal, a região e a cidade, o grupo de teatro pode trazer no futuro notoriedade, turistas e até novos alunos para a universidade”. O 22.º Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior decorreu entre os dias 14 e 24 de março, no Teatro Municipal da Covilhã. Ao palco subiram nove peças, produzidas por três grupos de teatro portugueses, dois espanhóis, um italiano e um mexicano. |
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