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"Tive vivências na Covilhã que me deixaram muitas saudades"
Rafael Mangana · domingo, 25 de mar?o de 2018 · @@y8Xxv Cedo decidiu que era Engenharia a área que queria seguir e o gosto pelas máquinas e um irmão militar fizeram o resto. Entrou em Engenharia Aeronáutica em 1992 e, com um percurso internacional de sucesso, Maria João Petronilho ainda hoje reconhece a importância da UBI no seu trajeto profissional. |
Maria João Petronilho |
22050 visitas Urbi et Orbi: Porquê Engenharia Aeronáutica e porquê na UBI? Maria João Petronilho: Teria de ser sempre Engenharia, porque eu gosto muito das áreas de Matemática, de Física. Aeronáutica, porque eu gosto de máquinas e entre o “Top Gun” e a Guerra do Golfo, nós assistíamos à guerra em direto, eu tenho um irmão que era militar e acabei por ficar bastante influenciada. Quanto à UBI, confesso que não foi a minha primeira opção, porque nesse ano o Técnico também abriu Aeroespacial, mas depois acabei por pensar que a parte de estruturas... eles têm mais Aviónica e eu acabei por vir para a UBI.
U@O: Valeu a pena a escolha? MJP: Vale muito a pena.
U@O: O que recorda dos tempos da UBI? MJP: Da UBI recordo a necessidade de trabalhar sempre com bastante rigor, de ser um trabalho continuado e recordo esse esforço muito grande, porque as nossas cadeiras eram complicadas, como são na maior parte das Engenharias. Mas também recordo bastante que esse esforço fazia com que a festa que vinha depois, quando acabava a época de exames, tivesse um sabor especial. E esse esforço e esse rigor foi o que a UBI me deu, até mais do que as bases e toda a parte do conhecimento que também adquiri. A UBI deu-me esse saber de que se houver esforço, está lá a recompensa a seguir. A UBI tinha também naquela altura, sobretudo ao nível dos professores, um ambiente muito internacional, o que foi uma riqueza que também acaba por transmitir um ambiente multicultural que vivíamos aqui nessa altura.
U@O: Sentiu que todo esse ambiente depois lhe foi útil no seu percurso profissional? MJP: Sim. Eu vivo em Espanha há 15 anos e estou convencida que poderia ter ido para qualquer outro país. Aliás, no meu curso era fácil encontrar trabalho no estrangeiro. Sem dúvida que conviver com muitos professores diferentes, ter aulas em inglês, ajudou e abre bastante os horizontes.
U@O: O que tem feito a nível profissional desde que terminou o curso na UBI? MJP: Eu acabei o curso e fui para a OGMA – Oficinas Gerais de Material Aeronáutico. Entrei como estagiária na parte de Engenharia de Aeronaves, de manutenção de aeronaves militares, que era mesmo o que eu queria. Comecei a trabalhar com o Hercules C-130 e com o P-3P Orion, mas passados seis meses começaram a abrir vagas na parte de fabrico e na altura a OGMA não tinha contratos novos de manutenção de aeronaves militares e eles aconselharam-me a entrar para a área de fabrico. Pouco tempo depois comecei a trabalhar com uma equipa espanhola num avião novo e estive um ano ou dois a trabalhar no avião e pude ver todo o processo, desde a construção dos primeiros estaleiros, até à montagem do caixão central da asa, que era montado na OGMA. Infelizmente, montaram-se uns cinco aviões, mas nunca chegaram a voar, por questões relacionadas com a dificuldade de certificação do avião, e acabou por ser um fracasso. Mas, por vezes, dos fracassos aprende-se tanto e fazem-se tão bons contactos, que acabaram por me convidar a ir para Espanha. Em Espanha comecei a trabalhar na área da Engenharia de Produto. Entrei para uma empresa de ferramentas, que fazia estaleiros para outra empresa. Passado um ano mudei para a Gamesa, que é muito conhecida pela área da energia eólica, e já estou no mesmo grupo há 14 anos. Acabei por evoluir de uma maneira que até me foi bastante agradável. Neste momento estou na Aernnova, onde sou responsável do núcleo da parte dos compósitos. Temos cinco fábricas e o meu trabalho é estar com os clientes e procurar trabalho de produção de aeronaves.
U@O: Podemos dizer que, apesar de se ter formado numa pequena universidade do interior de Portugal, isso não foi impedimento para se ter afirmado na sua área e ter sucesso. MJP: Pequena, só de tamanho. Aliás, estou convencida que o facto do meio ser pequeno até acaba por ser favorável. O ambiente que eu tinha aqui, saíamos à noite, juntava-me com os meus amigos para estudar e nunca senti que não nos pudéssemos ajudar entre todos. Eu acho que numa universidade grande, onde as pessoas se dispersam, provavelmente não seja tão fácil como aqui. Tive vivências na Covilhã que me deixaram muitas saudades.
U@O: Se hoje se dirigisse a um atual aluno de Engenharia Aeronáutica da UBI, que conselhos lhe deixaria para vingar nesta área? MJP: Rigor, trabalho e constância. Sobretudo o rigor e o trabalho são muito importantes na nossa área. É muito importante ser criativo, mas no nosso trabalho somos criativos durante um bocadinho, o resto é rigor e trabalho. Ser sempre consequentes com o que estamos a fazer e depois é um trabalho muito bonito.
Perfil: Nome: Maria João Petronilho Naturalidade: Mira Curso: Engenharia Aeronáutica Ano de entrada na UBI: 1992 Filme preferido: “O império do Sol” Livro preferido: “O velho e o mar”, de Ernest Hemingway Hobbies: Natação, ver filmes, viajar |
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