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"Não tenham medo de arriscar"
Rafael Mangana · quarta, 28 de mar?o de 2018 · @@y8Xxv Entrou na UBI em Química Industrial em 1995 e ainda hoje recorda com saudade os tempos de estudante. Depois de algumas experiências no estrangeiro, onde se doutorou em Química Orgânica, Luís Amorim é atualmente gestor sénior de fornecedores na BIAL. |
Luís Amorim |
21988 visitas Urbi et Orbi: Porquê Química Industrial e porquê na UBI? Luís Amorim: Na altura tinha necessidade pessoal de sair de casa, achava que estava na altura de sair de baixo da “asa da mãe-galinha” e eu estando entre o Porto e Aveiro podia ter ido para o Porto ou para Aveiro, mas não queria porque isso obrigava-me a todos os dias ir para casa, então tinha que ir para outro sítio um bocadinho mais longe. No entanto, para a minha mãe, que era super protetora, ir para Lisboa era super perigoso portanto estava fora de questão, então aproveitei o facto de ter um vizinho que entrou um ano antes de mim cá na UBI e foi esse o motivo que me fez vir para cá. Aliás, é esse o facto de ser Química Industrial, se ficasse no Porto teria ido para Engenharia Química, ou seja, esta parte da Química Industrial muito ligada, quase irmã gémea da Engenharia Química, foi juntar o útil ao agradável e proporcionou-se assim.
U@O: Valeu a pena? O que recorda dos tempos de estudante? LA: Completamente. Não sei como são os dias de hoje, mas acredito que seja parecido. Eu entrei na UBI numa altura em que éramos menos e havia um grande espírito de camaradagem, não precisávamos de combinar o que quer que fosse porque as pessoas iam-se encontrar nos mesmos sítios, havia os mesmos bares, havia o Bar dos Leões onde íamos todos, e esse espírito de camaradagem depois também transitava para as aulas e para os trabalhos de grupo, por isso havia uma interajuda muito grande, não só na noite, mas que depois também se refletia na vida académica e no dia-a-dia. Eu acho que é esse o ambiente que me marcou um bocadinho nessa altura, acredito que seja igual hoje, não faço ideia, mas é este ambiente que é recordado por muitas das pessoas com quem falo hoje em dia daquela altura, que é o saudosismo desses tempos.
U@O: Poderá ser esse o fator diferenciador de uma universidade pequena do Interior e que numa universidade maior não se tem? LA: Sem dúvida, não há de todo. Já na altura isso era notório, nós íamos para a Queima em Coimbra e falávamos com o pessoal lá e esse pessoal de Coimbra falava mesmo do espírito ubiano que não existia lá, esse espírito de entreajuda e de pertença a um grupo, pertencíamos todos a um grupo.
U@O: Em sentido oposto, alguma vez se sentiu menorizado por ter tirado aqui o curso? LA: Não, nunca me senti menorizado, mas também valorizou muito o facto de eu ter ido lá para fora para estar onde eu estou hoje. No entanto, a UBI está numa posição um bocadinho desprivilegiada por estar no interior e nos sítios onde eu trabalhei havia muita gente que não sabia onde era a UBI e o que era a UBI e acho que nos compete a nós todos, ubianos, combater um bocadinho isso e mostrar quem é que a UBI é. A UBI compete com universidades que têm um nome gigantesco, a Universidade de Lisboa, o Técnico, Coimbra, Aveiro, a Universidade do Minho, e esta interioridade confere-lhe esta dificuldade de se impor um bocadinho como universidade de referência, o que é errado e compete-nos a nós todos alterar esta mentalidade.
U@O: Como tem sido o seu percurso profissional desde que saiu da UBI? LA: Durante o último ano do curso fiz Erasmus em França e isso abriu-me a porta para fazer um doutoramento lá, na mesma equipa de Erasmus. Fiquei lá cerca de quatro anos a fazer o doutoramento em Química Orgânica. Depois tentei arranjar emprego em França mas não consegui, comecei à procura de outras oportunidades fora de França e fui para Estocolmo fazer um período de pós-doutoramento. Regressei a Portugal em 2009 como químico de processo numa investigação em desenvolvimento na Hovione, em Lisboa, onde fiquei cerca de três anos como químico de processo. Depois passei para a área das compras, porque acho que tinha necessidade de sair um bocadinho da ciência pura e ir para uma área mais comercial. Eu acho que a Química Industrial dá-nos esta bagagem para poder transitar entre várias áreas, que é fundamental e é bem visto nas indústrias, a capacidade que nós temos de trabalhar em diferentes áreas, a versatilidade. Comecei na área das compras como comprador e fui progredindo e cheguei a gestor sénior de fornecedores. Agora, em janeiro deste ano saí da Hovione e comecei na BIAL, no Porto, também como gestor sénior de CMO, que são as empresas que fazem os produtos para nós, ou seja, gestão de fornecedores.
U@O: Sente que foi importante a experiência no estrangeiro para se afirmar profissionalmente em Portugal? LA: Extremamente importante. A saída para o estrangeiro abre-nos perspetivas diferentes, uma exposição a culturas diferentes, a formas de trabalhar diferentes. Permite-nos melhorar a forma como nos relacionamos com pessoas. Ir lá para fora é, sem dúvida, uma abertura de espírito. E é muito bem visto, eu não teria este percurso profissional se não tivesse ido lá para fora, de certeza absoluta.
U@O: Que conselhos pode deixar a um aluno da UBI da sua área para que possa vingar profissionalmente? LA: Acho que é muito difícil para um finalista saber o que quer fazer. Eu ponho-me há vinte e tal anos atrás e quando saí daqui não sabia, de todo, o que é que eu queria fazer. Não temos noção do que é que existe nas indústrias, que diferentes tipos de emprego é que a gente pode fazer numa indústria. O que eu sugiro é que não tenham medo de arriscar, não se foquem no emprego ideal porque não existem empregos ideais, existem empregos que depois podem ser trabalhados para evoluir de uma forma diferente e, sobretudo, que não tenham medo de arriscar, que sejam abertos à mudança, que sejam abertos à aprendizagem e que construam uma carreira baseada num objetivo. É essencial organizarem-se.
Perfil: Nome: Luís Amorim Naturalidade: Santa Maria da Feira Curso: Química Industrial Ano de entrada na UBI: 1995 Filme preferido: "O menino do pijama às riscas” Livro preferido: "Da China", de Henry Kissinger Hobbies: Voluntariado, desportos ao ar livre, surf |
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