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Saúde pública marca último dia do simpósio “Da UBI para o mundo”
Juliana Reigosa · quarta, 21 de mar?o de 2018 · Durante três horas de encontro, ex-alunos debateram formação em Ciências da Saúde e destacaram oportunidades no mercado de trabalho. |
Francisco George, ao centro, durante o simpósio na FCS. |
22009 visitas A Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) da Universidade da Beira Interior (UBI) foi a escolhida para encerrar o simpósio “Da UBI para o mundo”, iniciativa em que cada uma das cinco faculdades recebeu, entre 12 e 16 de março, ex-alunos e personalidades que compartilharam experiências do mercado de trabalho. O simpósio foi organizado pelo Gabinete Alumni e pela Associação de Antigos Estudantes Universitários da Beira Interior (AUBI). No último dia do simpósio, o convidado de honra foi o atual presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Francisco George, que durante 12 anos foi diretor-geral da Saúde. O tema central do encontro na FCS girou em torno do ensino de Ciências da Saúde em Portugal, especialmente no que se refere aos desafios e oportunidades na área da saúde pública. Em declarações ao Urbi, Francisco George avaliou como “positiva” a formação médica portuguesa. De acordo com o presidente da Cruz Vermelha, que dedicou os últimos 44 anos ao serviço público nacional e internacional, os médicos recém-formados devem “dedicar-se mais aos problemas da saúde pública, da prevenção e da promoção da saúde”. Para o médico, licenciado em Medicina desde 1973, muitos avanços foram significativos de lá para cá, “sobretudo na área dos novos medicamentos para as doenças oncológicas e infecciosas, como os antivirais”. No entanto, ainda de acordo com Francisco George, apesar de “Portugal estar na linha da frente no campo da saúde pública, há sempre muito trabalho, porque é um processo imparável”. Durante a conferência, Francisco George avaliou que “o nível da saúde pública em Portugal está muito acima do que seriam as expectativas, levando em conta o seu desenvolvimento económico”. O país está no grupo das nações com a esperança de vida mais alta. A média, em 2015, era de 83,9 anos para as mulheres e 77,7 para os homens. Por outro lado, de acordo com o ex-diretor-geral da Saúde, ainda são fundamentais medidas em três campos da saúde pública em Portugal para colocá-lo “no patamar dos mais avançados do mundo”: alimentação equilibrada, exposição ao tabaco e excesso de álcool. Para Francisco George, a “alimentação equilibrada está comprovadamente relacionada com o aumento da esperança de vida, já que, quanto mais desregrada a vida alimentar for, mais problemas a pessoa terá, como diabetes”. Quanto ao consumo do tabaco, somente no ano de 2016, mais de 11.800 portugueses morreram de doenças que lhe são atribuíveis, o que representa uma morte a cada 50 minutos. O médico alerta também para as consequências indiretas que o excesso de álcool provoca, como acidentes de trânsito fatais. Ex-alunos destacam formação na UBI Além do presidente da Cruz Vermelha, o último dia do simpósio “Da UBI para o mundo” contou com a participação de cinco ex-alunos: o médico António Maio; o farmacêutico João Barata; o optometrista Eduardo Teixeira, presidente da Sociedade Científica Europeia de Ótica; e as biomédicas Ana Maria Teodoro e Ana Carolina Rodrigues, responsáveis pela plataforma de simulação online e de autoaprendizagem “SCI & TEC”, que reproduz ambientes laboratoriais. O médico António Maio contou que, no início, a primeira reação das pessoas ao dizer que estudava em uma universidade do interior era de desconfiança. “Tudo que é novo é sempre visto como algo pior”, afirmou. O médico contou um episódio de quando foi trabalhar em um hospital universitário em Coimbra e os colegas perguntaram: “Ah, vocês têm Medicina na UBI?”. Uma semana depois a conversa já era outra: “Eu não sabia que vocês eram tão bem preparados”. As oportunidades e dificuldades da área farmacêutica em Portugal foram abordadas por João Barata. De acordo com o farmacêutico, a realidade atual mostra que, desde 2011, as farmácias vêm tendo problemas económicos muito grandes por não saberem se adaptar à estrutura comercial vigente e à concorrência, “especialmente entre farmácias que compartilham a mesma localização”. Segundo João Barata, “mais do que trabalhar como farmacêutico numa farmácia, é preciso estar preparado para gerir um estabelecimento em todos os sentidos”. “A UBI foi peça fundamental no percurso de quem sou hoje”, testemunhou por sua vez o optometrista Eduardo Teixeira. O ex-estudante da FCS recordou a organização na UBI do 2º Simpósio Internacional da Optometria, em 1998. “Da associação das escolas e universidades europeias nasceu a Academia Europeia de Optometria e Ótica, da qual sou presidente hoje”, contou. O optometrista terminou sua apresentação com a mensagem de que a universidade da Covilhã é o exemplo claro de que não falta expectativa na vida profissional. “A minha formação é um exemplo claro de que da UBI para o mundo não há barreiras”, ressaltou. Ana Maria Teodoro e Ana Carolina Rodrigues explicaram que o projeto “SCI & TEC” surgiu durante o mestrado, quando foram “desafiadas a pensar em algo que pudesse vir a responder às necessidades enquanto biomédicas”. Como conselho aos estudantes, as ex-alunas aconselharam que os futuros biomédicos aproveitem mais as oportunidades do mercado pensando a longo prazo. “Pensem num projeto para satisfazer o futuro, e não somente uma empresa”, recomendaram. UBI como ponto de partida para o mundo A vereadora da Cultura na Câmara Municipal da Covilhã, Regina Gouveia, que marcou presença no evento, ressaltou que “tem orgulho” por uma universidade do interior se ter afirmado em território nacional. “É uma universidade que já tem uma história, um percurso, e é reconhecida por outras instituições no âmbito do sistema universitário português”, justificou. A autarca ainda aproveitou para agradecer o esforço que a UBI desenvolve “nas suas diferentes faculdades, nas suas diversas áreas”, o que também “contribui para a afirmação da cidade e do município no mundo”. A cerimónia de encerramento do simpósio “Da UBI para o mundo” contou com a presença da vice-presidente da AUBI, Ana Margarida Rogeiro, e da pró-reitora para a Responsabilidade Social e coordenadora do Gabinete dos Alumni, Anabela Dinis. Para Ana Margarida Rogeiro, “esse tipo de simpósio enriquece a pessoa, tanto de experiências, quanto na parte da formação”. Já Anabela Dinis aproveitou a ocasião para adiantar que “outros simpósios do mesmo estilo virão com certeza”. Após cinco dias de simpósio, a pró-reitora para a Responsabilidade Social destacou a UBI como “um laboratório de transformação pessoal”, uma comunidade “onde se constrói ideias e diferentes relações” e como “ponto de partida para a construção de um percurso de vida no qual a capacidade de pensar e aprender, o espírito crítico e a abertura para o mundo são os principais ativos”. |
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