O UBIMedia voltou a apostar na promoção da cultura local e, dentro do evento, decorreram dois debates subordinados aos temas “A representação dos géneros na literatura” e “Cultura na Covilhã. Que futuro?” – a escolha do primeiro tema esteve intimamente associada ao facto de o evento ter decorrido no Dia Internacional da Mulher.

Durante o período da manhã, num painel mediado por Ana Catarina Pereira, discutiu-se o papel da mulher na história da literatura. Ivo Rocha da Silva, do estúdio de escrita criativa Fábrica dos Idealistas, revisitou a lista de vencedores do prémio Nobel e o “perfil tipo” do escritor agraciado com o galardão, elaborado pela BBC. O painel contou ainda com a participação de João Morgado, escritor e fundador do UBIMedia, Rogélia Maria Proença e Teresa Duarte Reis, escritoras covilhanenses.

Já na parte da tarde, passando do registo de conversa informal para um cenário de debate que contou com algumas intervenções enérgicas por parte do público presente, discutiu-se a cultura na Covilhã. Pedro Seixo Rodrigues, do festival de arte urbana WOOL, Maria do Carmo Teixeira, da companhia de teatro ASTA, e Ivo Rocha da Silva, da Fábrica dos Idealistas, deram os respetivos testemunhos numa discussão relativa ao futuro da cultura na cidade da Covilhã.

As intervenções dos três oradores convidados tiveram um ponto comum: a crítica relativa à falta de apoios para a realização dos projetos que se propõem dinamizar. Pedro Seixo Rodrigues, representante do projeto WOOL, que tem reabilitado várias zonas da cidade, gostaria de “ter mais apoio por parte de quem realmente deveria apoiar”, sublinhando, ainda assim, a “incrível” ajuda recebida por parte dos moradores das zonas de intervenção. José Pinho, presente no público, é um dos rostos do apoio dado pelos populares ao WOOL: dispôs-se a oferecer cem refeições aos participantes e ainda cedeu uma das paredes de um prédio que é propriedade sua, entre a Rua Direita e a Rua Rui Faleiro. “Acho que esta ideia [projeto WOOL] é muito boa, deve continuar e é por isso que dou este apoio de boa vontade”, referiu. 

Maria do Carmo Teixeira, da ASTA, lamentou a falta de mobilização de verbas para a realização dos festivais EnsinArte, ContraDANÇA e Ciclo de Teatro Universitário, eventos cuja realização se torna mais difícil a cada ano que passa em função das dificuldades financeiras. Já Ivo Rocha da Silva, responsável por um estúdio de escrita criativa, também não relativizou a necessidade de investimento nesta área: “A cultura começa nos artistas, que são a base, mas são precisos investidores”.

Apesar do convite endereçado à Câmara Municipal da Covilhã, a autarquia não se fez representar no evento, situação que também mereceu críticas por parte dos oradores. Para Ivo Rocha da Silva, “não existe uma estratégia cultural pensada”. A ideia foi corroborada por Pedro Seixo Rodrigues, que acrescentou ainda que “um programador sem orçamento dificilmente faz o que quer que seja”, considerando imperativo que “quando o orçamento municipal é apresentado pela Câmara, se perceba qual é o valor destinado à cultura”.

No final do evento, João Santos, presidente do UBIMedia, afirmou que a realização da “Feira do Livro FAL – Entre Artes e Letras” correspondeu a um compromisso assumido no início do mandato: “Desde que assumimos o cargo no UBIMedia que demos a conhecer a nossa opção de trabalhar a Cultura”. Em edições futuras, o responsável máximo pelo núcleo de estudantes de Ciências da Comunicação espera uma “maior abertura” por parte dos alunos em relação à participação neste tipo de atividades.