O anfiteatro 8.1 abriu portas aos estudantes de Design Industrial para dois dias de conferências e um dia de workshops sobre as áreas do design de produto, design gráfico e da comunicação.

Daniel Caramelo, natural do Fundão e formado em design de equipamento, veio à UBI falar sobre escalas de produção, dando como exemplo a própria experiência. A sua história como designer começou há dez anos, quando decidiu fabricar o primeiro berço da sua filha. Deu-lhe o nome de “ninho” e aquilo que começou por ser apenas um produto familiar acabou por ter cinco exemplares, pedidos por vizinhos e familiares.

Mais tarde, Daniel criou o design da garrafa shaker da empresa portuguesa de nutrição desportiva Neo Prozis. No primeiro mês, foram vendidos 1500 exemplares. O seu percurso profissional passou também pela criação da imagem da máquina de café da Delta Q, com mais de 500 mil exemplares vendidos em Portugal.

O designer mostrou-se satisfeito com a afluência ao evento. “Valorizo este tipo de iniciativas sobretudo numa universidade do interior. O evento está muito bem organizado e para mim é sempre uma experiência muito boa, gosto imenso de mostrar o meu trabalho e de dar a conhecer o que faço”, revela Daniel.

No Clicka 6 esteve também o espaço “A Tentadora”, representado pelo arquiteto Pedro Rodrigues, que contou aos jovens designers como nasceu este espaço inovador localizado no centro histórico da Covilhã. Mercearia de bairro nos anos 30, A Tentadora tem hoje muitas valências e uma programação cultural dirigida essencialmente ao público jovem. É um espaço de cowork que reúne quatro pessoas de diferentes áreas, tem uma loja que vende objetos de designers e artesãos portugueses e uma galeria com atividades culturais.

Pela segunda vez no Clicka, Pedro Rodrigues revela que “seria interessante que houvessem mais espaços destes na região, abertos à comunidade estudantil”. O arquiteto acrescenta que “é importante para os estudantes conhecerem outras maneiras de trabalhar e outro tipo de abordagem” e deixa o convite aos futuros designers para trabalharem em espaços criativos como este, em vez de estarem fechados em casa.

Catarina Moura, doutorada em Ciências da Comunicação, investigadora em diversos projetos e docente na UBI, fez uma apresentação focada no tema da identidade, continuidade e rutura. O crescimento do design português foi um tópico relevante na conversa da designer com os estudantes. Catarina Moura falou da importância de revolucionar as formas, dando como exemplos o atual cartão do cidadão português e o projeto “A Vida Portuguesa”.

A investigadora explicou que, atualmente, o desafio dos designers passa pela diferenciação e que é preciso ter em conta não só o valor expressivo, como o valor utilitário dos objetos. “Os designers devem preservar a cultura e a identidade locais e procurar traduzir ideias através das formas”, defende a docente.

As Conferências Clicka Design encheram o auditório com alunos de design industrial que se mostraram interessados e ficaram esclarecidos. O evento reuniu “pessoas que já estão um passo à frente, que nos instruem, dizem quais as dificuldades que enfrentaram, contam o seu processo criativo, o desenvolvimento de cada produto, não só de design industrial, como design gráfico”, afirma Nayara Hernandez, aluna do segundo ano da licenciatura.

A organização esteve a cargo do NEDI- Núcleo de Estudantes de Design Industrial e do Departamento de Engenharia Eletromecânica. “Começámos a preparar o evento em novembro, porque é difícil organizar e fazer a programação de um evento desta dimensão”, revela a presidente do NEDI, Sara Lisa.

O resultado foi satisfatório para os estudantes de design. Nuno Marques, organizador do evento, deixa a sua opinião: “Ficámos contentes com o resultado do evento e o auditório esteve sempre cheio. Gostava que o Clicka abrisse portas a estudantes de outras universidades e se tornasse um encontro nacional nos próximos anos”.