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Biblioteca Central recebe jornadas ibéricas culturais
Francisco Nascimento · quarta, 14 de mar?o de 2018 · “Transgredir Tordesilhas” foi o mote para a primeira edição do congresso Ibérico. O olhar sobre a cultura de Portugal e Espanha visou dinamizar o departamento de letras. |
Maria Fonseca foi uma das oradoras do congresso |
21974 visitas A Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior (UBI) recebeu as primeiras Jornadas Ibéricas: Transgredir Tordesilhas. Pelo auditório da biblioteca passaram investigadores portugueses e espanhóis, com o intuito de debater aspetos culturais dos dois países. O evento, no âmbito da Licenciatura de Estudos Portugueses e Espanhóis (EPE), decorreu nos dias 8 e 9 de março, sendo que o segundo dia foi dedicado à literatura e linguística portuguesas. Ana Rita Carrilho, docente no departamento de Letras da UBI e organizadora do evento, destaca a estratégia do departamento no estreitar de relações entre Portugal e o país vizinho, tirando partido da posição geográfica da Universidade, que permite construir uma “ligação ibérica”. O subtítulo do evento é referente ao tratado de Tordesilhas, com o sentido de “quebrar as barreiras que ficaram na história e olhar agora para o futuro”, segundo Ana Carrilho. A organização destaca o a qualidade dos congressistas e a boa afluência ao longo dos dois dias de trabalhos. O segundo e último dia começou com a intervenção de Rosa Oliveira, professora no Instituto Politécnico de Coimbra. Com o tema “O poema ensina a cair?”, numa referência à poetisa Luiza Neto Jorge, a professora pretendeu refletir acerca do poder da palavra e respetiva poesia. Rosa Oliveira admite que os poetas “são seres especiais”, havendo o estereótipo de que “são alcoólicos ou doentes”, tendo as pessoas criado uma distância com a poesia. A professora abordou também os dois livros de poesia que já publicou, confidenciando que o titulo do segundo, “Tardio”, se deveu às reações que teve quando lançou a sua primeira obra, já com 55 anos. Admite que entre o primeiro e o segundo livro há grandes diferenças, tendo aumentado o nível de reflexão. O segundo tem textos mais curtos, e por isso mais diretos. A segunda exposição esteve a cargo de Maria do Céu da Fonseca, docente na Universidade de Évora, onde foram abordados “aspetos da variação em antigas gramáticas de Português para estrangeiros”. Para Maria Fonseca, a diferença entre o português do Brasil e o português de Portugal é equivalente à que existe entre o inglês de Inglaterra e o dos Estados Unidos, “as duas formas são corretas”. A professora apresentou diversas gramáticas, entre elas o primeiro manual para estudo do português, publicado em 1662. Foi ainda revelado um portal de pesquisa referente às várias gramáticas, a ser publicado brevemente pela Universidade de Évora. Para José Ignacio Diéguez, presidente do Departamento de Letras, esta foi uma oportunidade para dar visibilidade ao departamento e consequentemente à Universidade. Juntando duas línguas bastante estudadas em licenciaturas e mestrados, a iniciativa permitiu que os alunos se deparassem com altas figuras do panorama cultural, alargando os seus conhecimentos em temáticas pouco tratadas nas aulas, revela José Diéguez. Estes tipos de atividades, segundo o docente, são pouco habituais no departamento. Existe, por isso, o objetivo de continuar a realizar congressos, como é o caso da segunda edição do “Encontro de Línguas Ibéricas”, que já está a ser preparado. O professor espanhol da UBI refere ainda que é necessário ter em conta que existem duas culturas diferentes no espaço ibérico, contudo “com uma relação histórica estreita”. Também os alunos dão nota positiva ao evento, fundamental para alargar conhecimentos, principalmente em relação a Espanha. Para Daniela Gonçalves, estudante da licenciatura de EPE, estas iniciativas deveriam ser mais frequentes, uma vez que os alunos sentem falta deste tipo de atividades ao longo do curso. Depois do almoço, houve ainda tempo para Paulo Osório, professor na UBI, abordar as mudanças do português ao longo dos séculos. A tarde ficou também marcada pelo minicurso de História da Língua, com o objetivo de dotar os alunos de ferramentas para as mais exigentes áreas do português. |
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