Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
À conversa com Rodrigo Guedes de Carvalho
Diana Serra Garcia · quarta, 7 de mar?o de 2018 · Um jornalista e escritor que sempre quis ser músico. Com “O Pianista de Hotel”, Rodrigo Guedes de Carvalho juntou pela primeira vez as duas coisas de que mais gosta, a escrita e a música. O romancista fala do seu processo de criação da sua última obra. |
Rodrigo Guedes de Carvalho num Café Literário no hotel Puralã |
21994 visitas “Um pianista estava a tocar num hotel e ninguém estava a prestar atenção. Do pouco que sei de música, o pianista era muito bom e estava a tocar não só músicas conhecidas, mas também originais. Para o pianista era irrelevante se lhe ligavam ou não. Ele estava no seu mundo, a agradar a si próprio. Isso é o que realmente é importante, é agradarmos a nós próprios”, conta o autor acerca do episódio que o inspirou para escrever a história do livro publicado em 2017. “O Pianista de Hotel” é um livro mais acessível, com um estilo de linguagem mais próximo, mais fácil de ler, do que os anteriores do autor. Desta forma é mais fácil prender a atenção e chegar à emoção das pessoas. Apesar de usar personagens inventadas, elas não são uma invenção absoluta, porque recebem sempre influência de algo que o escritor já viveu. “Um romancista é um vampiro que absorve tudo o que vê”, diz o autor. Sem rumo certo, o escritor vai deixando a história acontecer. Nos romances anteriores, Guedes de Carvalho usou sempre personagens como narradores, falando na primeira pessoa. Neste, recorre a um narrador convencional que descreve o que se passa de forma exterior ao enredo. O autor falou ainda sobre a intenção da sua mais recente obra. Em O Pianista de Hotel, também a forma de escrita é original e pretende oferecer ao público uma leitura que evoca a cadência musical. A opção por essa forma de escrever, em pequenos parágrafos e com espaços em branco, “tem a haver com o ritmo”, conta o autor. Mais conhecido como pivô televisivo do que como romancista, Rodrigo Guedes de Carvalho nunca teve o sonho de ser jornalista. Primeiro quis ser músico, depois escritor e ainda pensou em ser copywritter. Licenciado em Comunicação Social, na Universidade Nova de Lisboa, o destino levou-o ao seu primeiro emprego na RTP, onde apresentou os programas “Domingo Desportivo” e “24 Horas”. Foi aí que aprendeu a gostar de ser jornalista. Mudou-se em 1992 para SIC, onde é atualmente, com 54 anos, subdiretor de informação e apresenta, desde então, o jornal da noite de segunda a sexta. “A profissão de jornalista não tem nada a haver com o ser escritor, são áreas distintas, apenas a escrita as une”, diz Guedes de Carvalho. “A escrita jornalística tem de descrever os factos, enquanto a fantasia não tem essa preocupação.” Com apenas 20 anos, e no mesmo ano de mudança para a SIC, estreou-se como romancista com o livro “Daqui a nada”, vencedor do prémio jovens talento da ONU. O seu primeiro romance foi reeditado pela editora D. Quixote em 2005, ano em que também lançou o best-seller “A Casa Quieta”. Ao longo dos anos, lançou vários romances, como “Mulher em Branco” e “Canário”. Após dez anos parado na escrita, regressou no ano passado com “O Pianista de Hotel”, nomeado para a categoria de melhor livro de ficção narrativa no prémio da Sociedade Portuguesa de Autores. Rodrigo Guedes de Carvalho veio à Covilhã no dia 5 de março, à conversa num Café Literário, no bar do hotel Puralã. |
Palavras-chave/Tags:
Artigos relacionados:
GeoURBI:
|