José Eduardo Tendeiro, ex-combatente em Angola, lançou sexta-feira uma obra sobre as suas memórias da guerra colonial, em que não pretende explicar o que foi o conflito, mas sim contar os momentos traumatizantes que a guerra deixou em quem a viveu, disse o autor durante a apresentação na Biblioteca Municipal da Covilhã.

Expondo uma juventude destruída pela guerra, a obra intitulada “Danos Colaterais”, poderá agitar, segundo o autor, principalmente os outros combatentes, “na medida em que foram descritas situações que eles vivenciaram também”. O livro está dividido em duas partes, a primeira das quais retrata o tempo de guerra e os seus dramas, mas também os momentos de escape em bares e boates. A segunda parte relembra o regresso a casa e as consequências que a guerra deixou no estado psicológico dos combatentes e nas próprias famílias.

A obra foi prefaciada por Manuel Bento Fernandes, antigo professor da UBI, também ele um ex-combatente em Angola e amigo do autor há nove anos. “Aquilo que hoje somos é fruto da guerra colonial e do ultramar”, revela Fernandes. “Não somos o que podíamos ter sido, somos o que a guerra nos fez”.

Depois da constante insistência de amigos e ex-combatentes para que Eduardo Tendeiro escrevesse um livro reflexivo, o autor cedeu à ideia e começou a redigir em abril de 2017. “A guerra tem que ser sempre refletida”, conclui o autor.