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"Não se acomodem"
Rafael Mangana · quarta, 21 de fevereiro de 2018 · @@y8Xxv Inicialmente pensou em seguir jornalismo radiofónico, mas já na universidade foi a área de Relações Públicas que acabou por abraçar. Elisabete Lourenço entrou na UBI em 2003 para o curso de Ciências da Comunicação e, depois de várias experiências no estrangeiro, regressou a Portugal e é atualmente Gestora de Marca e Marketing. |
Elisabete Lourenço |
22012 visitas Urbi et Orbi: Porquê Ciências da Comunicação e porquê na UBI? Elisabete Lourenço: Comunicação, porque na altura a minha ideia era seguir jornalismo radiofónico, mas não queria decidir logo. Como na UBI nós tínhamos os dois primeiros anos todos juntos e só depois escolhíamos o ramo, achei que essa solução era a ideal para mim: ter primeiro acesso a tudo o que dizia respeito a Comunicação e ter mais tempo para decidir qual o ramo que eu queria seguir. Por outro lado, o curso de Ciências da Comunicação da UBI era de quatro anos e isso para mim era importante – porque na altura havia outros cursos de cinco anos -, os conteúdos programáticos eram bons e era longe de casa o suficiente. Eu também sentia que precisava de ter essa experiência.
U@O: A opção inicial era jornalismo, mas acabou por não ser essa a opção final. Porquê? EL: Acabei por optar pelo ramo de Relações Públicas, porque sentia que teria mais possibilidades de futuro. Tanto tinha a parte mais institucional de comunicação interna, a versão mais de agência e de fazer planos de comunicação para vários clientes, como também a vertente de eventos. Na minha altura, eu achava que podia fazer basicamente tudo em Comunicação, aquele ramo tinha uma abrangência de ação que para mim era interessante, mesmo ao nível do meu lado criativo para fazer coisas diferentes. No entanto, quando chegas ao mercado de trabalho não é bem assim, porque a parte reservada à criatividade é ínfima, ou seja, se calhar 90 por cento do teu trabalho é mais mecânico e de produção. Eu comecei por trabalhar em agência, o que me possibilitou ter acesso ao que se fazia no mercado e propunha coisas que eu achava muito giras, mas o cliente sabe exatamente o que quer fazer e às vezes não são coisas muito giras. Então, tens que acabar por fazer aquilo que o cliente quer, o que muitas vezes te restringe a tua criatividade. Ainda assim, participei em projetos muito interessantes, mas acabaram por ser mais pontuais do que aquilo que eu pensava que seriam.
U@O: O que recorda dos tempos da UBI? EL: Recordo-me da parada, que ficará para sempre no meu coração, o bar principal da UBI também era um sítio muito interessante. Enfim, recordo muito o espírito, o companheirismo e o ambiente que havia entre nós estudantes, as relações que se criaram com alguns dos professores, que eram relações mais próximas, mais abertas.
U@O: Pelo facto da UBI ser uma universidade relativamente pequena, esse facto pode contribuir para essa familiaridade entre as pessoas? EL: Para mim, foi e acho que é benéfico. Havia facilmente interação entre os diferentes cursos, acabas por não estar fechado no teu mundo. Eu uma vez acabei numa LanParty, onde eu achava que ia beber um copo e era só pessoal à frente do computador e aquilo era a festa deles. Isto é um exemplo para dizer que isto te ajuda também a conheceres novas realidades. Se fosse outra universidade maior, tu acabavas por lidar com os teus colegas de comunicação e esse era o teu mundo. Na UBI tu tens acesso a tudo, a pessoas de todos os cursos, porque é uma universidade pequena, porque nos cruzamos, porque a Covilhã também não é muito grande e, para mim, esta diversidade à qual tens acesso é algo de muito positivo. Valeu muito a pena, eu gosto muito da UBI.
U@O: A nível profissional, como foi entrar no mercado de trabalho naquela altura, vinda de uma universidade mais pequena do interior? EL: Nunca senti desvantagem nenhuma, até porque, sejamos muito honestos, a partir do momento em que tu começas a ter alguma experiência, o sítio onde tiraste o curso é um bocado irrelevante. Ainda assim, ao nível da Comunicação e quando eu acabei o curso, a UBI era uma universidade muito bem cotada no mercado de trabalho. Eu chegava e dizia que vinha da UBI e as pessoas reconheciam o que era feito e os profissionais que de lá tinham saído.
U@O: Tendo começado numa agência de Comunicação, como tem sido o seu percurso até aos dias de hoje? EL: Comecei nas Relações Públicas e passei para o Marketing. Quando emigrei para a Suíça passei para a parte editorial numa publicação para os portugueses lá e eu estive algum tempo a dirigir essa publicação. Posteriormente entrei na indústria de gaming, fui para a Áustria e aí mudei então para o Marketing e era Country Manager Portugal. Desde então, mantive-me sempre na indústria do gaming. Da Áustria fui para Malta, onde estava mais ligada à gestão de mini-campanhas a nível internacional, no caso, campanhas de televisão. Recentemente regressei a Portugal e continuo a trabalhar na área do Marketing, como Gestora de Marca e Marketing Offline da SAS (Sociedade de Apostas Sociais), uma empresa que se prepara para lançar um site de apostas online.
U@O: O que a levou a regressar a Portugal? EL: A falta do país. Quando estás lá fora as coisas são muito giras, tens muitas oportunidades e as coisas acontecem. Gostei muito de estar lá fora, não excluo a possibilidade de voltar, no entanto, nesta fase da minha vida eu estava a sentir falta de estar perto da minha família. São alturas em que, se calhar, também começas a dar mais valor a quem tens, começas a ver coisas a acontecer e queres estar presente. Foi esse apelo familiar que me fez considerar voltar, para além de ter recebido uma proposta de trabalho que me convenceu.
U@O: Tendo em conta a sua experiência, considera importante para um profissional desta área conhecer outros mundos e ir para o estrangeiro? EL: Considero que é uma mais-valia, sempre considerei. Eu quis ir de Erasmus por isso, quando comecei a trabalhar já queria sair, ou seja, eu sempre considerei uma mais-valia conhecer outras coisas. Agora, para seres bem-sucedido não tens que sair, tens que ser um profissional interessado e tens que fazer sempre as coisas o melhor que podes e sabes, porque hoje em dia a informação está tão disseminada que tu não precisas de sair para teres acesso a coisas novas, o mundo da internet permite-te isso. Se fores um profissional interessado na tua área, se gostares do que fazes e procurares, não precisas de sair. Eu precisava porque era uma vontade minha, eu gosto de viajar e de conhecer outras culturas, por isso, para mim fazia todo o sentido ir lá para fora ver o que é que eles fazem e viver com eles, não era só ir lá ver e voltar. Eu queria mesmo lá estar e foi uma mais-valia para mim, sem dúvida.
U@O: O que diria a um atual aluno da UBI para poder vingar nesta área de Ciências da Comunicação?
Perfil: Nome: Elisabete Lourenço Naturalidade: Mira de Aire Curso: Ciências da Comunicação Ano de entrada na UBI: 2003 Filme preferido: "O caminho" Livro preferido: "Siddhartha", de Hermann Hesse Hobbies: Ler; Viajar; Beber bom vinho e comer comidas orientais
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