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"Podem chegar onde quiserem depois da UBI"
Rafael Mangana · quarta, 17 de janeiro de 2018 · @@y8Xxv Aos oito anos teve o seu primeiro contacto com um computador e a paixão pelo mundo das tecnologias nasceu naquele primeiro contacto. Anos mais tarde, André Elias entrava na UBI para tirar o curso de Engenharia Informática e, radicado em Londres, é hoje um caso de sucesso, tendo constituído uma startup inovadora, que conta já com grandes clientes como a British Airways ou a Virgin. |
André Elias |
22002 visitas Urbi et Orbi: Porquê Engenharia Informática e porquê na UBI? André Elias: Tinha oito anos quando o meu pai comprou o primeiro computador. Era um Olivetti M4, processador Intel 8086 @ 7 Mhz, 128KB de memória RAM, monitor preto e branco, sem rato. Foi a primeira vez que vi um computador e fiquei fascinado. A partir daí tornou-se uma obsessão aprender a programar, o que me levou até à UBI alguns anos depois. Acho que foi uma questão de timing. O primeiro computador, o boom da Internet, a dot-com bubble, o nascimento da Google... tudo isso contribuiu para a minha paixão por tecnologia. A UBI foi uma escolha natural porque cresci numa aldeia do concelho da Covilhã e tinha muitos amigos a estudar na UBI que me falavam muito bem do ambiente e do espírito académico.
U@O: Valeu a pena? AE: Muito. O ensino superior ensina-nos muito mais que o programa do curso. Ensina-nos, numa altura crucial da nossa vida, a crescer, a ganhar responsabilidade, autonomia e visão.
U@O: O que recorda dos tempos da UBI? AE: Recordo grandes pessoas. Grandes amizades que fiz com colegas, professores, funcionários, que ainda hoje mantenho e que valorizo bastante. A UBI é como uma grande família onde existe um espírito de entreajuda fantástico. Recordo latadas, recepções ao caloiro, aulas com centenas de pessoas, aulas com uma pessoa, dias de frequência, dias de neve. Memórias boas que guardo com bastante alegria.
U@O: Sente que, por ficar num meio mais pequeno, a UBI pode ter vantagens e um espírito diferente? Como é que esse facto influencia os alunos que a frequentam? AE: Definitivamente que tem vantagens e que cria um espírito único. O tamanho da cidade e a envolvência da universidade criam uma maior proximidade entre toda a comunidade, fazendo da Covilhã uma cidade académica com características muito próprias. O espírito académico está presente no dia a dia da cidade. Os covilhanenses acolhem como ninguém milhares de estudantes que todos os anos continuam a escolher a UBI e o sentimento que fica depois de frequentar a UBI e viver na Covilhã durante alguns anos é especial. Tenho amigos que depois de estudarem na UBI ficaram a viver na Covilhã e outros que voltaram anos depois devido à ligação que ainda sentem pela cidade e pelas pessoas.
U@O: E no seu caso, o que tem feito a nível profissional desde que terminou a formação na UBI? AE: Ainda durante o Mestrado na UBI ganhei uma bolsa de estudo que me permitiu ir para uma das melhores universidades brasileiras, a UNICAMP, em São Paulo. Vivi no Brasil durante seis meses, no segundo ano de mestrado, onde fiz investigação. Foi essa viagem que me abriu horizontes e onde decidi o meu passo seguinte. Depois de voltar e concluir o mestrado senti que estava pronto para a próxima fase da minha vida, que passava por desenvolver e aplicar uma tecnologia com que estava a trabalhar na resolução de um problema atual. Uma das primeiras decisões foi escolher a cidade em que tinha mais probabilidades de sucesso para executar a ideia que tinha. Sempre quis ir para fora e sair da minha zona de conforto. Londres foi a minha escolha por uma série de factores: por ser a maior “startup scene” na Europa, ter acesso a investimento, talento, língua inglesa e amigos residentes. Comecei a partir de Portugal a contactar alguns “founders” em Londres, no sentido de saber como funcionava o ecossistema empresarial e como poderia começar. Foi nessa altura que conheci o meu co-founder Dev, que vivia em Londres e estava a tentar resolver o mesmo problema que eu.
U@O: Como surgiu a ideia da Startup FIDEL e de que se trata? AE: A quantidade e organização de dados que existe hoje em dia no comércio tradicional e mínima noção em relação ao que acontece no comércio online. O retalho físico está a perder a competitividade e são necessárias novas empresas e tecnologias que ajudem a equilibrar a balança. A portuguesa Farfetch é um bom exemplo disso no mercado de artigos de luxo. Foi com esse problema em mente que em 2013 vi a oportunidade de aplicar low power bluetooth no comercio offline de modo a recolher mais dados acerca do negócio nas lojas físicas. Trabalhei com esta tecnologia durante o mestrado e o potencial era enorme. O Dev estava em Londres a tentar trabalhar no mesmo problema e começamos a falar online acerca de como poderíamos trazer uma solução para o mercado. Depois de muitas conversas, traçámos um plano e eu viajei para Londres para começar a FIDEL. O nome vem de fidelização. Decidimos atacar o problema intersectando a tecnologia existente de cartões de fidelização com a nossa nova tecnologia. Tivemos bastante sucesso com o primeiro produto, mas não estávamos satisfeitos com a velocidade de crescimento. A quantidade de dados que conseguíamos capturar não era suficiente e era difícil ter acesso aos montantes das transações. Com um espírito inovador, começámos a sonhar mais alto e a explorar o problema a partir de outro ângulo. Depois de vários anos e centenas de reuniões conseguimos fechar uma parceria com a Visa, Mastercard e American Express, que nos permite hoje ter acesso a qualquer transação financeira feita com cartão de débito ou crédito online ou offline. A FIDEL é hoje uma empresa muito diferente do que era em 2013 mas mantém a mesma missão. Hoje temos clientes como a British Airways ou a Virgin e estaremos, no início de 2018, em sete países, incluindo Reino Unido, Estados Unidos e Austrália.
U@O: Na sua opinião, o que marca a diferença nesta área para um profissional vingar? AE: A capacidade de aprendizagem e paixão pelo desafio são as características comuns que observo nas pessoas mais bem sucedidas. Especialmente nesta área, devido à velocidade da evolução tecnológica. É essencial mantermo-nos atualizados e desenvolver novas “skills” para podermos continuar competitivos na nossa área.
U@O: Nesse sentido, que conselhos deixaria a um atual aluno de Engenharia Informática da UBI para ter sucesso? AE: Sonhem e acreditem que podem chegar onde quiserem depois da UBI. Só depende de vocês. Como disse anteriormente, não é por estudarem na UBI ou virem de um meio mais pequeno que não podem alcançar o sucesso que quiserem, muito pelo contrário. A ambição não está relacionada com o sítio onde vivemos ou estudamos. Se quiserem vir a Londres fazer um estágio na FIDEL, entrem em contacto. "Work hard, Dream big".
Perfil: Nome: André Elias Naturalidade: Covilhã Curso: Engenharia Informática Ano de Entrada na UBI: 2008 Filme preferido: "Interstellar" Livro preferido: "Sapiens", de Yuval Noah Harari Hobbies: Viajar, Jazz, jogar ténis.
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