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"A UBI foi a minha escola de valores"
Rafael Mangana · quarta, 15 de novembro de 2017 · @@y8Xxv É da geração de 82/83 de Engenharia Química da UBI, curso que seguiu quase por teimosia. Manifestando o entusiasmo pelo crescimento da instituição que conheceu no início dos anos 80, José Oliveira recorda os tempos de partilha, de amizade e de genuinidade da Covilhã. |
José Oliveira |
22012 visitas Urbi et Orbi: Porquê Engenharia Química e porquê na UBI? José Oliveira: Sinceramente, foi a UBI porque não tive nota para entrar naquilo que eu queria e Química foi um desafio porque só chumbei uma vez no secundário e foi a Química. Portanto, o desafio passava por fazer Química e entrar em Engenharia Química. E entrei na UBI porque não pertenço a uma família de posses e portanto era o que era mais perto de Viseu e o que me era acessível na altura.
U@O: Contas feitas, valeu a pena? JO: Sem dúvida nenhuma. E valeu muito mais hoje ver aquilo que mudou desde 1982/1983, sem dúvida nenhuma.
U@O: O que é que sente que mudou? Como é que olha para a UBI hoje e para a sua evolução? JO: Eu acho que todas as instituições são feitas por todos aqueles que lá lecionam, que a dirigem, que a frequentam, por toda a gente, até pela população local. Eu entrei numa altura em que era pouca gente, hoje isto é um mundo e todas as pessoas que tiveram um papel de decisão, o Magnífico Reitor Passos Morgado, o Magnífico Reitor Santos Silva, deixaram obra e a obra repercutiu-se, alargou. Portanto, neste momento temos uma universidade fantástica, com condições que não existem em muitos outros países, com uma fantástica Faculdade de Ciências da Saúde.
U@O: Fazia ideia, em 1982, que a UBI poderia crescer tanto? JO: Eu sou um homem positivo e acho que aquilo que faz o futuro são as pessoas e a capacidade que elas têm de envolver outros atrás de si próprios e penso que sim, que isto podia acontecer, nunca julguei é que isto atingisse esta dimensão tão rapidamente.
U@O: O que recorda dos tempos da UBI? JO: Recordo que era um curso de mulheres. O meu curso era um curso de mulheres e eu era um homem entre as mulheres. Depois, que era dificílimo. Nós tínhamos as Químicas Orgânicas, que eram os cadeirões, mas recordo que éramos muito amigos uns dos outros porque o grupo era muito pequeno e, portanto, aprendíamos muito uns com os outros, os valores de cada um. Recordo uma coisa que é extraordinária, que eu acho que é muito importante, que é a genuinidade das pessoas, ou seja, as pessoas entregam-se, as pessoas partilham e isso foi uma coisa que eu aprendi e que acho que foi fundamental.
U@O: E essa genuinidade e essa partilha de que me fala, poderá ter sido potenciada por a universidade ficar na Covilhã? Este contexto é favorável? JO. Não tenho o mínimo de dúvida. Eu vou dizer uma coisa politicamente incorreta: quando nós viemos na altura éramos muitas pessoas de fora na Covilhã e a Covilhã, quer se queira quer não, era uma zona do interior do país e acabámos por ser muito bem recebidos pelas pessoas. Quer porque nós éramos muito bons a jogar à bola, quer porque fazíamos umas coisas malucas que eram as latadas, ou porque pegávamos umas vacas, e as pessoas passaram a aplaudir-nos e a receber-nos muito bem. Não no aspeto financeiro por si só, mas porque nós éramos parte do futuro que a Covilhã teria que ter e que tem hoje. Hoje a Covilhã não tem nada a ver com 82/83.
U@O: Como foi o seu percurso profissional desde que se formou na UBI? JO: Primeiramente, considero que o mais importante, que acho que interessa referir para todas as gerações, é a formação que nós temos, e não é a académica, é a formação dos valores. A académica temos que estudar, temos que aproveitar. Os valores são aquilo que nos marcam a vida toda. A universidade deve ser uma escola de valores. Fiz várias coisas, todas elas com o objetivo era ser útil, ser útil e ganhar dinheiro, porque temos compromissos. Aquilo que eu hoje faço tem a ver com a investigação na indústria farmacêutica e é uma coisa que me seduz particularmente, é uma coisa que tem muito a ver com Química, tem a ver com relações humanas e tem a ver com valores. Portanto, tudo isso teve a ver, no fundo, com a escola que tive na UBI.
U@O: Qual é a sua função? JO: Eu sou coach no que diz respeito à formação de pessoas que fazem a intervenção direta sobre as pessoas, embora seja de Química.
U@O: Se hoje se pudesse dirigir a um atual aluno para poder vingar nesta área, o que lhe diria? JO: Tenacidade e persistência, não quebrar perante os insucessos. A vida não é fácil, precisamos de trabalhar muito, acreditar em nós próprios e lutar por conseguir mais, não do que os outros, mas do que nós mesmos.
Perfil: Nome: José Oliveira Naturalidade: Moçambique Curso: Engenharia Química Ano de Entrada na UBI: 1982 Filme preferido: “O Crime no Expresso do Oriente” Livro preferido: “A Metamorfose”, de Franz Kafka Hobbies: Ler e cultivar amizades |
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