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O que você vai ser quando crescer?
Luísa Boéssio (UNISINOS, Brasil) e Lérida Ximbi · quarta, 15 de novembro de 2017 · Continuado A companhia Baal 17 se apresentou com a peça “Um dia serei grande”, no Teatro das Beiras. O espetáculo de marionetes faz parte da programação do Festival de Teatro da Covilhã destinada ao público infantil. |
21970 visitas O que você vai ser quando crescer? Quem nunca escutou ou se fez tal pergunta na infância? Usando esta metáfora do crescimento, a companhia de teatro Baal 17 apresentou este e outros questionamentos em um espetáculo de teatro. A obra “Um dia serei grande” levou cerca de 70 crianças, da freguesia do Tortosendo, do 5° ano do Agrupamento de Escolas Frei Heitor Pinto, à sala do Teatro das Beiras na última quarta-feira, 8 de novembro. A peça traz a história do crescimento de João, do seu nascer até à juventude. Um menino que não percebendo nada sobre o mundo à sua volta parte em busca de conhecimento. Ele aprende a ler e escrever, decide explorar os diversos campos do saber. Já homem feito, de conhecimentos apreendidos e livros guardados, o rapaz faz as malas e parte para visitar novos lugares. João leva os espectadores a viajar pelo mundo, passa pela China, pelo Polo Norte e por Nova Iorque Durante o espetáculo é enfatizada a ideia de que todas as pessoas podem ser o que quiserem, atribuindo à escola o papel de transmissor de conhecimentos e valores que seriam úteis a todas as crianças que um dia quiserem ser grandes. Filipe Seixas e Marisela Terra são os atores da peça e representantes da Baal 17. Uma companhia de teatro de Serpa, fundada em 2000, composta por seis pessoas. Dentro do programa Educação e Comunidade, o grupo realiza trabalhos destinados aos alunos das escolas da região do Baixo Alentejo. Segundo Felipe, a ideia dessa obra é valorizar o conhecimento. “Uma das questões importantes da nossa região é a alta taxa de desistência do ensino. Quisemos tocar no assunto de uma forma simples, valorizando a escola e tentando passar a mensagem desse percurso que é crescer”, afirma o ator. Os atores contam que proposta foi montar uma peça transportável para rodar nas pequenas aldeias, onde há escolas que não recebem espetáculos e dificilmente se deslocam para ver teatro. “Fazer espetáculos de marionetes não é bem nossa área, é primeira vez que tentamos essa coisa da manipulação. Por isso utilizamos objetos muito simples, do cotidiano”, disse Felipe. Cristina Rojão, professora que acompanhava os estudantes, disse que não é primeira vez que a escola participa do Festival e destaca a importância de provocar reflexões sobre o futuro. “A peça dá uma visão das possibilidades de escolha que um dia terão que fazer”. Cristina ainda admitiu que a peça poderia ser um bocado avançada para os pequenos: “para a idade que eles têm, eu só não sei se eles perceberam a peça, é provável que não”, conclui. A aluna Nicole Ramos, 10 anos, conta que achou o espetáculo muito interessante e descreve o que percebeu da história: “eles eram dois bebês que não conheciam nada e iam evoluindo até os 20 anos”. A menina que quando crescer quer ser dentista revela que adorou a parte final, “que eles já eram bem crescidos, já compreendiam tudo”. Bruna Ferreira, também de 10 anos, achou o espetáculo engraçado “porque mostra como crescer.” No futuro Bruna quer ser futebolista e viajar o mundo assim como a personagem principal. “Quero visitar os EUA porque lá tem coisas interessantes. E como hoje em dia se fala inglês em todos os lados, gostaria de aprender a língua”, conclui. Para a companhia é difícil avaliar os efeitos práticos da peça sobre as crianças. Segundo eles, essas mensagens devem ser passadas e funcionam a longo prazo. “Ao fim, quando há tempo, conversamos com os miúdos. Eles ficam muito encantados, fazem muitas interpretações do que é a peça e porque João cresceu”. Felipe Seixas diz que só o facto de o espetáculo provocar a imaginação dos miúdos, já é sinal de boa aceitação. “Agora, o que eles vão fazer com isso depois, não sabemos. Esperamos que coisas boas” complementa o ator. O diretor do Teatro das Beiras, Fernando Sena, afirma que o festival foi movimentado e faz um balanço positivo do evento. Segundo ele, não é surpresa as salas cheias: “Em especial, os espetáculos direcionados ao público jovem têm sempre uma boa aceitação por parte das escolas do concelho da Covilhã”. O Festival de Teatro da Covilhã terminou neste sábado, 11 de outubro. Fechando o ano de trabalhos, as oito companhias portuguesas e uma espanhola apresentaram 13 espetáculos destinados ao público adulto e infantil. Incluindo um show de jazz que encerrou o evento junto a peça Ilha dos Escravos, produção do Teatro das Beiras. |
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