Na passada terça-feira, dia 7 de novembro, no âmbito do Festival de Teatro da Covilhã, cerca de 90 crianças, todas alunas do primeiro ciclo, tiveram a oportunidade de assistir a um espetáculo protagonizado maioritariamente por fantoches e desenvolvido em estilo musical. 

Alegria, emoção e alguma ansiedade já reinavam numa casa praticamente cheia quando o espetáculo teve início ao som de uma canção cujo refrão enunciava: “É mentira ser verdade, é verdade ser mentira”.

Uma amostra das peripécias e mentiras que Pedro contava, primeiramente à sua mãe, dá início à ação. Depois, ao longo do conto e já com as restantes personagens, os diálogos vão decorrendo em tom de poesia, interrompidos aqui e ali pela voz de um narrador.

O espetáculo, pleno de música caracterizada pela sonoridade de um piano, atinge o ponto alto quando Pedro, só para seu divertimento, alerta erradamente por duas vezes a aldeia para a presença de um lobo.  O rapaz, que costumava passear o gado, representado pelo Bode Velho, seu melhor amigo, e por duas ovelhas, acaba por ver-se em apuros quando, ao perder os animais para o lobo, não tem ninguém que o socorra apesar dos insistentes pedidos. Cansado das brincadeiras do jovem Pedro, o povo da aldeia deixou de acreditar na existência de um lobo que andaria pelas imediações.

Durante a peça, o Lobo entoa uma canção que o diretor artístico da companhia e encenador da peça, Luiz Oliveira, define como “um alerta” para o problema dos incêndios que assolaram a região neste verão, defendendo que ‘’as peças para as crianças têm o seu lado lúdico, mas também pedagógico”. O diretor artístico alega que esta peça é transversal na questão dos incêndios, “podendo ser contada tanto na Covilhã como noutra parte do país”, mas que o tema da mentira é mais direcionado para as crianças, pois “é importante que aprendam a não mentir”.

Fernando Sena, diretor do Teatro das Beiras, saúda esta iniciativa, uma vez que “todos os espetáculos do evento para a infância estão esgotados”. Nas peças para adultos, Fernando Sena espera uma “adesão do público como na semana anterior”. O diretor companhia covilhanense confessa que o evento tem correspondido às expectativas da organização, tendo até agora uma ocupação de sala a rondar os 90 por cento.

O Festival de Teatro da Covilhã teve ainda mais cinco peças para apresentar e terminou no dia 11 de novembro, com o espetáculo “Ilha dos Escravos”, de Pierre de Marivaux.